O Centro Cultural São Paulo, a Spcine e o Instituto Confúcio na Unesp realizam a 3ª MOSTRA DE CINEMA CHINÊS entre 29 de setembro e 8 de outubro. Com a Curadoria de Wang Yao, cineasta da Beijing Film Academy, o evento traz na programação um total de 12 filmes chineses contemporâneos, premiados em festivais internacionais e totalmente inéditos no Brasil, que refletem sobre a cultura e história da China na geração atual.
Wang Yao falou com o Cinema e Pipoca a respeito do cinema chinês, sobre os motivos de fazerem a Mostra aqui no Brasil e muito mais! Confira a entrevista logo abaixo!
Cinema e Pipoca: Como surgiu a ideia de fazer uma mostra de cinema chinês no Brasil?
Wang Yao: O Instituto Confúcio da Unesp, como um dos principais agentes de intercâmbio cultural entre o Brasil e a China, tem se dedicado a levar as atividades e eventos ao povo brasileiro que refletem a cultura chinesa contemporânea. Cinema é uma das artes que mais facilmente mostram características peculiares, contradições e velocidade de transformação da China moderna. Uma vez que, se não estivesse em eventos especiais como este, não haveria chances desta vasta produção cinematográfica chinesa chegar ao público brasileiro, desde 2015 o Instituto Confúcio da Unesp detém esse festival de filmes.
CP: Como foi a receptividade do público nas duas edições anteriores e o que trouxeram de novo para esta 3ª edição?
WY: O Festival foi muito bem aceito pelo público brasileiro, especialmente pelos amantes da sétima arte. Desde a sua primeira edição, o cinema tem sido amplamente ocupado, além de recebermos vários elogios do público que, além de assistir filmes, tem oportunidades de participar de sessões de perguntas e respostas com os diretores, produtores e escritores. Durante os dois festivais de cinema realizados em 2015 e 2016, mais de 3000 espectadores tiveram a oportunidade de participar.
Para a edição de 2017 do Festival de Cinema, teremos vários filmes premiados em festivais de cinema, tanto na China quanto no mundo. O destaque desta edição é o filme “I am not Mdm. Bovary”, dirigida por Liu Yilin, que se inspirou na história do livro “I did not Kill my Husband”, escrito pelo famoso escritor Liu Zhenun. Ambos estiveram presentes na noite de abertura.
CP: É mais difícil estar atrás das câmeras como diretora ou na curadoria da mostra de cinema chinês?
WY: Como diretora de cinema. Quando você trabalha como diretor, precisa assumir a responsabilidade de todos, do seu produtor até sua equipe. Sempre há muitas coisas para se preocupar. Curar um festival é mais fácil, tudo o que você precisa fazer é escrever e-mails – é claro que estou brincando, você precisa pensar sobre o programa, o orçamento, o gosto do público e encontrar um equilíbrio entre tudo isso. De um modo geral, você precisa de um bom gosto na arte do cinema e também muitas conexões e habilidades executivas.
CP: Como foi o processo de escolha para chegar aos 12 filmes selecionados?
WY: Em primeiro lugar, me envolvi neste festival desde o ano passado. Eu visitei São Paulo com o mundialmente conhecido professor Prof. XIE Fei na última edição. Tive uma conversa com ele sobre os planos do festival, e então fizemos um acordo sobre uma cooperação a longo prazo. Ambos concordamos que este festival deve apresentar os melhores filmes chineses contemporâneos ao público brasileiro, e também conter apresentar cineastas extraordinários para o público. Assim, estabelecemos a estrutura básica do festival: todos os anos teremos 2 seções de Retrospectiva de diretor, com a presença deles, para apresentar as obras representativas de sua carreira. Além disso, o festival precisa apresentar os novos filmes chineses e escolheremos os filmes mais inovadores para o público brasileiro.
Este ano estamos muito honrados em apresentar a Retrospectiva de Ding Yingnan e de Pema Tseden. Ding é o mestre dos filmes de biografia e tem em seu currículo obras sobre grandes figuras de literatura e medicina tradicional chinesa. Escolhemos 3 desses filmes de biografia. Além disso, este ano também apresentaremos a obra-prima Backlight, que mudou o conceito de cinematografia chinesa.
Pama Tseden é escritor e diretor famoso na China, e figura representativa da minoria tibetana. Ele é considerado um dos autores de filmes mais importantes na China, tanto no país como no exterior, por causa de sua maneira única de contar histórias e pela linguagem cinematográfica original. Este ano, temos muita sorte de contar com todos os seus 5 longas-metragens.
Também temos 3 filmes novos e premiados em 2016, o roteirista Liu Zhenyun apresentará 2 filmes adaptados de suas novelas: Eu não sou Madame Bovary e Someone to Talk. Summer Is Gone de Zhang Dalei ganhou o prêmio Golden Horse em 2016 e teve uma excelente receptividade da crítica especializada.
CP: Conhece o cinema brasileiro? O que estes dois países tem em comum quando o assunto é 7ª arte?
WY: Já vi cerca de 50 filmes brasileiros, alguns da semana brasileira de cinema em Pequim, alguns dos festivais de cinema. Na China, Walter Salles, José Padilha e Fernando Meirelles são muito famosos; todos eles têm alguns trabalhos que são “populares”. Na Academia de Cinema, discutirei sobre diretores brasileiros como Glauber Rocha e Hector Babenco em meu curso sobre a História do Cinema.
Não conheço os dados da indústria cinematográfica brasileira. Mas, obviamente, compartilhamos a mesma estrutura da ameaça de Hollywood para os filmes nacionais e dificuldades para o filme de arte. A amizade e a cooperação entre Walter Salles e Jia Zhangke pode ser uma metáfora perfeita do cinema do Brasil e da China: nos conhecemos e temos um grande potencial de cooperação.
Verifique a programação completa aqui!
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