Se eu achava que o Oscar de Melhor Ator deste ano seria de Denzel Washington por ‘Um Limite entre Nós‘, é porque não havia assistido Manchester à Beira Mar, projeto pelo qual Casey Affleck pega para si e destrói tudo. Que atuação soberba, que personagem fabuloso e com um peso inimaginável para carregar… sim, acredito que o cabeça dourada estará em boas mãos.
Kenneth Lonergan (roteirista e diretor) escolhe um tema complexo, ou seja, a forma com que a morte de pessoas queridas nos rodeia – não há como escapar deste sofrimento, pois devemos lidar com ele da melhor maneira possível, se é que existe esta ‘maneira’. O projeto ainda transforma-se num espelho da sociedade contemporânea, que não dialoga, não tem o cuidado de olhar nos olhos das outras pessoas e prefere sofrer escondido, levando o luto consigo para todo o sempre.
O choque de gerações, pontuado magnificamente por Affleck e Lucas Hedges, agrega um toque de frescor e prova ainda que todos nós, por mais frio que nos parecemos, temos nosso grau de ternura. Michelle Williams (de ‘O Segredo de Brokeback Mountain‘) é vista em poucos momentos, mas são essenciais para entendermos melhor a crueza de tragédias cotidianas – o diálogo do casal no terceiro ato é de cortar o coração.
Lee Chandler, um homem comum que vive em Boston e trabalha como faz-tudo num conjunto de apartamentos, vê sua vida mudar ao receber um telefonema informando da morte de seu irmão. Vai até sua cidade natal e descobre que será tutor de seu sobrinho, mesmo sem qualquer condição de cuidar do jovem.
Com uma fotografia bonita – mas não espetacular – e uma edição excelente, pautada em flashbacks inseridos com perfeição, Manchester à Beira Mar fará o espectador sair da sessão com aquele aperto no coração, coisa que apenas os bons filmes conseguem fazer. Nas mãos de outro diretor, poderia ser uma bomba.
Título Original: Manchester by the Sea
Ano Lançamento: 2017 (Estados Unidos)
Dir: Kenneth Lonergan
Elenco: Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler, Gretchen Mol, Lucas Hedges
ORÇAMENTO: —
NOTA: 9,0
Por Éder de Oliveira
Indicações ao Oscar: Melhor Filme / Melhor Direção / Melhor Ator / Melhor Ator Coadjuvante / Melhor Atriz Coadjuvante / Melhor Roteiro Original
