Críticas

Crítica: A Casa Muda

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A ideia de fazer um filme de terror em um único plano-sequência era genial mas, ao mesmo tempo, perigosa. O diretor uruguaio Gustavo Hernández, de A Casa Muda, poderia facilmente trocar ‘os pés pelas mãos’ e detonar com sua obra. Mas não foi isso que aconteceu – pelo menos nos dois primeiros atos.

Ao contrário do que acontece em A Bruxa de Blair, por exemplo, o espectador jamais é apresentado ao cinegrafista. Isso faz com que nossa imersão seja ainda maior, já que acabamos sendo tratados como ‘acompanhantes de luxo’ da protagonista e descobrindo tudo com ela.

A iluminação (ou a falta dela) é uma sacada maravilhosa e somando com a locação fechada e claustrofóbica, nos remete a uma angustiante descida ao inferno. Todavia, apesar deste vislumbre, devo confessar que o terceiro ato é lotado de falhas.

  • A princípio, há uma tentativa, em vão, de explicar o que está acontecendo (ou seja, ao pontuarem em algo plausível, todos os detalhes sobrenaturais da história se tornam desnecessários e, de certa forma, irrelevantes);
  • Em seguida, trazem um personagem mal construído de volta e;
  • Enfim, por saírem da casa.

No fim das contas, Hernández foi audacioso na concepção (que já havia sido testada com Hitchcock e seu Festim Diabólico), mas um tanto cauteloso na conclusão, que de inédito, não tem nada. Vale pela experiência e pelos 50 minutos iniciais!

Onde assistir A Casa Muda?

O projeto encontra-se disponível na Amazon norte-americana.

Sinopse de A Casa Muda

Baseado em fatos reais ocorridos em 1944, a produção conta a história de Laura e seu pai Wilson. Eles se hospedam numa casa para avaliá-la, já que seu proprietário quer colocá-la à venda. Mas à noite, Laura ouve passos no andar de cima, além de outros estranhos acontecimentos que levam a crer que eles não estão sozinhos.

Título Original: La Casa Muda
Ano Lançamento: 2010 (Uruguai)
Dir: Gustavo Hernández
Elenco: Gustavo Alonso, Florencia Colucci, María Salazar, Abel Tripaldi

ORÇAMENTO: 6 Mil Dólares

Entrevista com Gustavo Hernández, diretor de A Casa Muda

Antes de mais nada, gostaria de agradecer a atenção de todos. Desde o primeiro e-mail que mandei foram bastante receptivos. Vamos a entrevista então:

CINEMA E SÉRIES: Gostaria de saber se não podia responder algumas perguntas para publicar no meu blog. No Brasil, as dificuldades para finalizar uma obra são enormes. No Uruguai também existem tais obstáculos?

GUSTAVO HERNANDEZ: Sim, creio que todos os realizadores latinos sofrem algum tipo de obstáculo dentro dos ‘esquemas de produção’. Muitas vezes a realização de um filme pode ser rápida, mas a distribuição do mesmo ter complicações. Acredito que assim em qualquer processo, de qualquer obra em geral.

CS: Quando e como surgiu a ideia de criar o filme?

GH: A idéia surgiu no ano passado, após conversas com meu produtor e amigo Gustavo Rojo. Nós havíamos escutado uma história e em seguida começamos a investigar. Depois de dois meses, o script estava na nossa mesa.

CS: Desde o princípio vocês haviam imaginado gravar o filme com apenas uma câmera?

GH: Não. Tínhamos 6.000 dólares para fazer todo o filme e nos pareceu interessante trabalhar o conceito do ‘medo real, em tempo real’. Foram somando-se vários elementos, até que decidimos arriscar e experimentar.

CS: As comparações com ATIVIDADE PARANORMAL, provavelmente vão acontecer. Como evitar isso?

GH: Quando veem ‘LA CASA MUDA’, os espectadores se darão conta de que não existe nada em comum entre ATIVIDADE PARANORMAL, REC ou outro filme deste tipo. Talvez, apenas o baixo orçamento. ‘LA CASA MUDA’ utiliza uma linguagem 100 % cinematográfica.

CS: Existem novos projetos em que estão trabalhando?

GH: Temos três projetos. Outro de terror e dois que estão em desenvolvimento, mas não tem nada haver com ‘LA CASA MUDA’, mas que tem algo especial muito interessantes.

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