É sempre muito difícil mexer em temas como pedofilia, porém, os diretores Andréa Bescond (também roteirista) e Eric Métayer (que elaborou a aclamada peça Les Chatouilles) montam uma trama baseada em fatos reais em Inocência Roubada, com transições de tempo bem montadas, passagens que incomodam absurdamente pela crueza e atores que se entregam de corpo e alma aos personagens.
Bescond e Métayer tratam a imaginação da pequena Odette como uma espécie de fuga de seus sentimentos, medos e frustrações, principalmente porque a confiança da família para com o estuprador é tão grande que eles nem cogitam a possibilidade dos abusos. E já adulta, ela ainda se priva de inúmeras coisas e se fecha em seu próprio universo, pois guarda todo aquele trauma e quando a psicóloga surge, acaba tendo as mesmas reações do público e tenta, da melhor maneira, entender e dar um alento àquele sofrimento.
A estreante Cyrille Mairesse tem interpretação oscilante, mas que não prejudica tanto, além disso, o roteiro é pouco sutil ao resvalar no romance e a própria psicóloga não é elaborada, pois se no princípio ela quase desistiu de ajudar a protagonista, por que mudou de ideia tão rápido?
Fora estes deslizes pontuais, há ótimos diálogos, uma boa interação de coreografias de dança em momentos específicos da obra e o diálogo entre ela e os pais, que se transforma num misto de perplexidade e tensão que não dá para medir em palavras e o desfecho é uma das coisas mais lindas e poderosas que vi no cinema nos últimos anos. Inocência Roubada é uma pequena joia que merece atenção de todo cinéfilo que se preze!
Sinopse de Inocência Roubada:
Logo após ter entrado no mundo dos sonhos e resgatado seu filho, Josh e sua esposa Renai notam que coisas estranhas continuam acontecendo dentro de sua casa. Ao chamarem os investigadores sobrenaturais, acabam descobrindo um segredo muito maior e mais assustador que antes.
Título Original: Les chatouilles
Ano Lançamento: 2018 (França)
Dir: Andréa Bescond, Eric Métayer
Elenco: Andréa Bescond, Karin Viard, Clovis Cornillac, Pierre Deladonchamps, Grégory Montel, Carole Franck, Cyrille Mairesse
ORÇAMENTO: —
NOTA: 9,0
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