Interessante notar que alguns diretores e roteiristas conseguem um excelente material, mas pecam na hora de estruturá-lo. Este é o caso do filme Ângela, de Hugo Prata (Elis), escrito por Duda de Almeida e estrelado por Ísis Valverde, que se entrega de corpo e alma para o papel e é o ponto alto desses oscilantes 104 minutos.
A reconstrução histórica, especialmente no primeiro ato, é interessante, destacando os luxuosos palácios, as festas e as tramas intrigantes, marcadas por traições e enganos envolvendo figuras excêntricas. No entanto, minha experiência foi um tanto desafiadora, pois entrei na história sem conhecimento prévio sobre a vida da “pantera de minas”, como era conhecida a socialite, e permaneci assim até o final do filme.
Isso se deve em grande parte às cenas de sexo longas e desconfortáveis (como aquela envolvendo a personagem de Bianca Bin, que foi particularmente angustiante). Embora houvesse um contexto de transformação social e a própria Ângela, de alguma forma, com seu espírito livre, acreditasse que seu amor platônico por Raul poderia proporcionar-lhe a liberdade e a felicidade desejadas, esses aspectos não ficaram claros na narrativa.
No entanto, os dramas enfrentados pelos filhos e pelas outras pessoas afetadas pela situação foram bem apresentados e equilibrados ao longo do filme.
Um pesquisa simples no Google mostrará que o filme Ângela poderia ter ido muito além
Conforme mencionado anteriormente, Ísis Valverde interpreta Ângela com grande intensidade. Além disso, em algumas cenas, Gabriel Braga Nunes também demonstra a complexidade de um homem doente, ciumento e possessivo. No entanto, essas representações são insuficientes diante da significância desse episódio (e sua continuidade) para o nosso país e para o movimento de luta por igualdade das mulheres.
Em uma rápida pesquisa na internet, me deparei com o site Folha BV (que fez uma resenha positiva que pode ser lida AQUI) e que cita o seguinte em um trecho:
“O caso tomou proporções ainda maiores quando Doca Street foi condenado a apenas dois anos de prisão pelo homicídio de Ângela. A defesa alegou que ele agiu em legítima defesa da honra, usando o infame argumento de “matar por amor,” uma tese que gerou intensa controvérsia na época“.
Quanto a esse detalhe exposto acima, há apenas uma citação, no final do filme, o que empobrece a obra. Eu mesmo saí com mais dúvidas ainda. Agora, vou dar um play no podcast Praia dos Ossos e, aí sim, ter um panorama completo dessa história… pois isso a obra cinematográfica não me deu.
Onde assistir o filme Ângela?
- O filme está disponível na Prime Video.
Sinopse do filme Ângela
A famosa socialite Ângela Diniz conhece Raul e acredita ter encontrado alguém que ama seu espírito livre tanto quanto ela. A atração avassaladora faz o casal largar tudo e viver o sonho de reconstruir suas vidas na praia. No entanto, a relação se deteriora e o abuso e a violência tomam conta, culminando em um dos crimes mais famosos do Brasil.
Nota Cinema e Pipoca: ★★★
Título Original: Ângela
Ano Lançamento: 2023 (Brasil)
Dir: Hugo Prata
Elenco: Isis Valverde, Gabriel Braga Nunes, Alice Carvalho, Gustavo Machado, Bianca Bin, Emílio Orciollo Netto