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ENTREVISTA COM O DIRETOR DE ‘BOCA’

O Cinema e Pipoca tem a honra de entrevistar Flávio Frederico, diretor do filme nacional BOCA, que estreou em grande circuito no último dia 28 de Setembro. Aqui ele fala um pouco de como foi construir o personagem, as licenças poéticas que o filme traz, se comparado ao livro e a grande dificuldade para recriar a São Paulo da década de 50 e 60. 

Cinema e Pipoca: Conte-nos um pouco sobre sua carreira, até chegar ao filme BOCA.
Flávio Frederico: Antes de começar o longa metragem BOCA, já havia feito sete curtas-metragens, cinco documentários e um longa metragem chamado Urbânia, que tem um roteiro que se passa mais ou menos naquela mesmo região vista neste meu novo trabalho e é em estilo documental e com apenas dois atores.

CP: BOCA era o favorito para levar os prêmios de Fotografia e Trilha Sonora no Miami Brazilian Film Festival e os de Filme, Ator e Diretor no Toronto Brazilian Film Festival?
FF: É meio complica falar se éramos favoritos, deixaria essa questão para os votantes de cada Festival. Mas adoro demais a fotografia de nosso filme, sem contar que em Toronto competimos com VIPS.

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CP: Daniel de Oliveira foi sempre o primeiro nome para protagonizar BOCA? E Hermila Guedes e os outros, como entraram no projeto?
FF: Pensamos nele no início, mas ele tinha um rosto ‘bonitinho’ demais e não era exatamente essa característica do nosso personagem. Cheguei a pensar em outros nomes, mas resolvi voltar atrás e escolhê-lo, por causa do seu incrível talento. Hermilia Guedes foi sugestão de nossa roteirista, que sempre acompanhou e também trabalhou com ela em alguns curtas-metragens. O Milhen Cortaz sempre foi um nome forte, pois é o típico paulistano, com todos os trejeitos e arquétipos, além de Pereio que é um dos grandes do cinema brasileiro e é uma referência desde que interpretou Lúcio Flávio.
Um ponto importante era o de que todos os atores e atrizes teriam que ter ‘cara de época’

CP: O que existe de real e o que há de fictício em BOCA?
FF: O filme tem um roteiro livremente adaptado do livro de Hiroito de Moraes Joanides, por isso tivemos a liberdade de modifircamos bastante coisa, até porque o livro não tem uma história linear, porém todos os fatos fatos históricos da cidade e como a Boca vai se transformando são todos verdadeiros, além das coisas que se passam com o protagonista e os eventos principais de sua vida. A história de Laide é ficcional, mas a invasão do bordel realmente aconteceu.

CP: A reconstrução da São Paulo dos anos 50 e 60 foi algo muito difícil de se fazer?
FF: Foi muito complicado de se fazer, pois São Paulo não nos dá grandes possibilidades de se recriar época, porque pouquíssima coisa foi preservada. Filmamos diversas cenas internas no centro, em prédios abandonados no bairro da Móoca, por exemplo. Depois tivemos que descer para Santos, na zona portuária, pois lá haviam ruas com paralelepípedos e bondes, algo perfeito para nós.

CP: O que falta para o espectador brasileiro em geral se apaixonar verdadeiramente pelo cinema daqui?
FF: Discordo um pouco de que o espectador brasileiro não seja apaixonado pelo nosso cinema, já que comecei a trabalhar com isso numa época que faltava amor. Hoje em dia é questão de conseguirmos mais dinheiro e encontrarmos meios mais baratos de se filmar, lançando assim, mais produções e com uma qualidade maior. Estou batalhando há dois anos para fazer este filme e colocá-lo no circuito, é algo muito trabalhoso.

CP: E tem outros projetos engatilhados para um futuro próximo? Se sim, poderia nos falar um pouco sobre eles?
FF: Estou finalizando um documentário chamado Em Busca de Iara, que fala sobre uma ex-guerrilheira que foi morta pela ditadura em 1971 e terminando a ficção De Volta para Casa, onde trabalharei novamente com Daniel de Oliveira. É um projeto que tem investimento do Brasil e da Argentina.

Site Oficial do Filme
Trailer de ‘Boca’

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