
Premonição 4 chegou aos cinemas em 2009 e tento ‘surfar na onda’ dos filmes em 3D, ou seja, tudo vai seguir em direção a tela. Neste ponto, notávamos que a franquia, em algum momento do passado, conseguiu surpreender e até redefinir certos caminhos no gênero terror, mas que havia se desgastado.
Comparada frequentemente com Jogos Mortais, pois ambas flertaram com a originalidade antes de se perder em sua própria fórmula, Premonição também já teve seus dias de glória — principalmente no primeiro filme, que introduziu uma ideia simples, mas engenhosa: a Morte como uma força invisível e inevitável, com um roteiro que explorava a tensão do desconhecido e a imprevisibilidade do destino. No entanto, ao chegar ao seu quarto episódio, a série não só demonstra sinais de cansaço criativo, como abraça de vez a superficialidade, tornando-se quase uma paródia de si mesma.
O 3D em Premonição 4
Muito se falou na época do lançamento sobre a aposta da produção no 3D como grande diferencial. Este uso serve apenas para empurrar objetos na direção do espectador — um prego, uma roda voando, um jato de sangue — numa tentativa artificial de aumentar a imersão, que mais lembra uma atração de parque temático mal executada do que um filme de terror relevante. A tecnologia não é integrada de forma orgânica à narrativa; pelo contrário, parece estar sempre em busca de justificar sua própria existência, como um truque barato para camuflar a ausência de substância.
As atuações são outro ponto crítico. A franquia Premonição nunca foi conhecida por performances dignas de prêmios, mas em Premonição 4, a coisa atinge níveis quase amadores. Bobby Campo como Nick é raso, inexpressivo, e pouco convincente como protagonista. O elenco de apoio — composto por personagens cuja única função é morrer — não consegue estabelecer qualquer empatia com o público. Tudo isso, aliado a diálogos ruins e um humor deslocado (por vezes absurdo e involuntário), transforma a experiência em algo entre o embaraçoso e o entediante.
O que torna a situação ainda mais triste é perceber o quanto a ideia central ainda tinha potencial. Em vez disso, opta-se pela repetição sem reinvenção. É como assistir a uma sequência de efeitos especiais terríveis, onde a surpresa se esgota após o terceiro ou quarto “acidente” forçado.
O diretor David R. Ellis, conhecido por Serpentes a Bordo, faz com que até mesmo os exageros gráficos parecem desprovidos de qualquer propósito, servindo apenas para cumprir a cartilha do “quanto mais grotesco, melhor”.
Sucesso e fôlego novo para a franquia
Ainda assim, é difícil ignorar o sucesso comercial da obra. Com uma bilheteria que ultrapassou os 180 milhões de dólares mundialmente, Premonição 4 provou que ainda existia um público cativo.
No fim das contas, é o mais fraco da franquia e também um símbolo do que acontece quando uma boa ideia é espremida até a última gota. A promessa de “o destino final” (como vemos no título original) soa quase irônica, já que o sucesso financeiro garantiu mais dois capítulos (até o momento) depois deste. Talvez, o verdadeiro terror aqui não esteja nas mortes violentas e espetaculares — mas sim na constatação de que o cinema comercial, por vezes, morre lentamente diante dos nossos olhos. E ninguém parece ter premonição suficiente para impedir.
Onde assistir Premonição 4?
- Stream: Max | Prime Video
- Locação e compra: Apple TV | YouTube Filmes | Google Play Movies
Sinopse de Premonição 4
Um grupo de jovens escapa de um grande acidente mortal após um deles ter uma premonição. Desta vez, o cenário é um autódromo, onde Nick visualiza uma tragédia durante uma corrida de carros. Após o alerta, ele convence os amigos a saírem do local — escapando assim da morte, por ora. Como manda a cartilha da franquia, a Morte não aceita ser enganada e passa a caçá-los um a um.
Nota: ★½
Título Original: The Final Destination
Ano Lançamento: 2009 (EUA)
Dir.: David R. Ellis
Elenco: Bobby Campo, Shantel VanSanten, Nick Zano, Haley Webb, Mykelti Williamson, Krista Allen, Andrew Fiscella
Curiosidades de Premonição 4
- O acidente no McKinley Speedway se baseia no desastre real das 24 horas de Le Mans de 1955, onde destroços voaram sobre o público e causaram cerca de 84 mortes.
- Durante a famosa cena da lavagem de carro, a atriz Haley Webb quebrou acidentalmente o vidro de um carro. O momento foi mantido no filme.
- Este é o único filme da franquia sem a participação de Tony Todd (voz da Morte).
- Nick tem uma premonição ao ver uma placa com o nome “Clear Rivers Water” — uma homenagem à personagem Clear Rivers dos dois primeiros filmes da série.
- Na cafeteria, uma TV exibe legendas que mencionam equipamentos defeituosos em parques de diversão, referência direta ao acidente de montanha-russa de Premonição 3.
- O número 180, que originou a saga com o voo 180, aparece em assentos do autódromo e em uma filmagem com câmera de segurança.
- O efeito sonoro de um carro derrapando no acidente é, na verdade, o guincho de um golfinho editado para parecer um pneu deslizando.
- O carro que bate no autódromo logo no início tem o número 666, o “número da besta”.
- Em todas as visões de Nick, as palavras “Está Aqui” aparecem em algum objeto ou superfície.
- O cachorro de um personagem se chama Browning, mesmo sobrenome de Alex Browning, protagonista do primeiro Premonição.
- O roteiro foi entregue por Eric Bress exatamente às 11h59, momentos antes do início oficial da greve dos roteiristas de 2007–2008.
- Foi o primeiro filme da franquia sem trilha de Shirley Walker, que faleceu em 2006.
- É o único filme da franquia até então que não foi filmado no Canadá — as gravações aconteceram em locações nos Estados Unidos.
- Com apenas 82 minutos, é o filme mais curto da série.





