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Coisa-Malu | Diretores falam sobre o projeto

coisa malu

O belíssimo curta metragem Coisa-Malu, feito por alunos de Midialogia da Unicamp, foi exibido em Cannes com excelente recepção. Camila Santana, Ana Luisa Dias Teixeira, Levi Munhoz, Paula Cintra Ferreira e Tobias Rezende, todos diretores do curta, contaram para o Cinema e Pipoca todo o processo de preparação e as experiências no festival francês.

Cinema e Pipoca: Na Mostra Cena Cine vocês disseram que o roteiro foi feito por seis pessoas. Mas como surgiu a ideia inicial?
Diretores de Coisa-Malu:
Esse projeto teve início há três anos atrás. Começamos dentro de uma disciplina do curso de Midialogia na UNICAMP, com o objetivo de realizar um curta ao longo do semestre. Formamos um grupo de de seis pessoas e passamos por várias reuniões de roteiro até chegarmos na essência de nossa história. A história veio como uma colcha de retalhos, costurando nossas próprias maluquices, inquietações e experiências cotidianas. Quisemos contar a história de uma menina visitando um mundo mágico cheio de pessoas peculiares… Cada encontro que ela tem com os personagens do filme representa um conflito que ela carrega do mundo real.

CP: Desde o primeiro tratamento do roteiro vocês pensaram em mesclar cinema, teatro e circo? Explique como foi este processo.
Diretores de Coisa-Malu: Desde a primeira versão do roteiro já existiam elementos de circo, pois a personagem Dona Aranha já surgiu como uma acrobata de tecido. A partir desa ideia, procuramos por atrizes circenses e demos a sorte de encontrar a Mimi Tortorella. A Mimi nos levou a formar uma parceria com o Nano Circo, um espaço cultural circense de Barão Geraldo. A partir daí, mais elementos circenses foram sendo inseridos na narrativa. Além disso, o Instituto de Arte da Unicamp é composto por cinco cursos: Midialogia, Artes Visuais, Música, Artes Cênicas e Dança.

Desde o início a gente quis aproveitar essa pluralidade artística e unir tudo em um filme só. Pensando nisso, chamamos amigos de todas essas áreas para conhecerem e contribuírem com o Coisa-Malu. Por sorte, vários toparam e troxeram em comum um carinho especial pelo projeto e pela cultura popular do país, o que ajudou a trazer uma identidade estética para o filme.

Como grande parte do nosso elenco era formado por alunos da Artes Cênicas, os elementos teatrais foram se inserindo naturalmente no processo. Em cada ensaio, a gente aprendia muito com os atores. E desses aprendizados, fomos construindo o filme.

CP: Como foi trabalhar o processo de escolha da atriz que viveria Malu? E como é dirigir uma criança?
Diretores de Coisa-Malu: Fizemos algumas postagens em grupos de atores do Facebook e a acabamos achando a Lyvia Maschio. Ela veio de São Paulo fazer um teste com a gente e nos encantou. Nosso processo de casting aconteceu através de algumas brincadeiras teatrais para descontrair as crianças, seguidas da leitura de um trecho de Alice no País das Maravilhas, que inspirou bastante a gente na criação do roteiro do Coisa-Malu. Nos ensaios, a levamos para conhecer a Vila São João, que é a casa da Malu.

Entre refeições, brincadeiras e atividades criamos uma rotina de ensaios em que apresentamos pra ela o mundo da personagem e a deixamos construir esse mundo também, o que foi muito legal. Também contamos com a ajuda de uma grande amiga e preparadora de elenco, a Helena Agalenéa, estudante de Artes Cênicas. Juntos com a Helena, o primeiro passo foi fazer a Lyvia se sentir a vontade com a gente. Depois, fomos apresentando ela para o resto do elenco e jogando com o universo do filme. Trabalhar com criança no set de filmagem é delicado, pois é preciso estar atento às necessidades da criança antes das necessidades do filme. Isso foi o mais difícil pra gente. Mas no geral, mesmo sendo um processo longo e trabalhoso, foi tudo muito divertido.

CP: Conte-nos um pouco sobre a ida de vocês para Cannes. Quais as principais portas que se abriram e quais as dificuldades encontradas por lá?
Diretores de Coisa-Malu: Nós ficamos bem chocados quando fomos selecionados para o Short Film Corner. Mal sabíamos direito o que era. Só sabíamos que era importante, então fizemos todo o possível para ir para lá. Quando chegamos, ficamos um pouco perdidos com relação ao que fazer. O Short Film Corner é um espaço dentro do Marché du Film, que, traduzindo literalmente, significa mercado do filme. Nesse lugar, os filmes são comercializados com distribuidores e canais de televisão do mundo todo.

É um espaço de compra e venda, tanto os longas, quanto para os curtas-metragens como o Coisa-Malu. Uma vez nesse espaço, tivemos a oportunidade de conhecer curadores de festivais internacionais e produtores de vários cantos do mundo, além de entrar em contato com um pouco do que está sendo produzido por aí. O Short Film Corner acabou nos dando a oportunidade de conhecer como funciona o mercado de cinema internacionalmente, o que foi bem importante pra todos nós.

CP: Onde foram feitas as filmagens e quanto tempo durou este processo?
Diretores de Coisa-Malu: As filmagens aconteceram todas na região de Campinas. Filmamos na Vila São João, aqui do ladinho da Unicamp; no Nano Circo, que também fica em Barão Geraldo; no Pico das Cabras, em Joaquim Egídio; em Sousas e também no estúdio da Midialogia. As cenas foram gravas espaçadamente, durante um semestre inteiro, mas no total tivemos cerca de 10 diárias de gravação apenas. Como a Lyvia era de São Paulo, procuramos sempre gravar aos finais de semana, pra não atrapalhar as aulas dela. E conciliar a agenda dela com a dos outros atores era difícil, as vezes.

CP: Quanto tempo demoraram para filmar o curta?
Diretores de Coisa-Malu: A pré-produção do Coisa-Malu se iniciou no segundo semestre de 2013, quando o roteiro foi aprovado no programa Aluno Artista da Unicamp. Começamos a gravar de fato em fevereiro de 2014 e as gravações se encerraram completamente em julho do mesmo ano. Depois disso, o filme ficou em pós-produção por um tempão, até finalizar edição, efeitos efeitos especiais e gravação da trilha sonora. Terminamos o filme no final de 2015. Então no total, foram 2 anos e meio de Coisa-Malu. Isso sem contar a primeira versão de “rascunho” que fizemos para uma disciplina do curso (risos).

CP: Tem outros projetos engatilhados para um futuro próximo? Se sim, poderia nos falar um pouco sobre eles?
Diretores de Coisa-Malu: Nos formamos no curso de Midialogia agora no final do ano. Então existem muitos projetos sendo concebidos por cada um de nós, mas ainda estamos sem tempo para executá-los. (risos)

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