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Círculos | Diretora fala sobre o Projeto

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Círculos é um documentário que tem como tema os agroglifos, que são aqueles desenhos que aparecem ocasionalmente nas plantações de grãos. A diretora Cíntia Domit Bittar topou bater um papo com o Cinema e Pipoca e você confere a entrevista na íntegra logo abaixo.

O filme estreia no canal History Channel no dia 23 de Novembro, sem horário confirmado até o momento.

Cinema e Pipoca: Fale um pouco sobre sua carreira, até chegar em Círculos.
Cíntia Domit Bittar: Me formei em Cinema na UNISUL e nessa época conheci meus sócios na produtora Novelo Filmes, com quem criei a Novelo Filmes, em 2010. Como diretora, tive minha estreia com o curta de ficção “Qual Queijo Você Quer?”, que felizmente teve uma linda carreira em festivais de destaque internacional e hoje encontra-se licenciado para 3 canais da TV brasileira. Realizei outros curtas como “O Tempo Que Leva”, “O Segredo da Família Urso”, “Quem Não Tem Cão”, “A Menina Só”, todos de ficção e com carreira em festivais e licenciamentos para canais fechados.

“Círculos” se tornou o meu primeiro longa-metragem, mas isso não foi planejado, até porque havia um outro projeto de longa-metragem de ficção para eu dirigir em 2014 que acabou congelado devido a complicações de um edital aqui de Santa Catarina. Apesar de já ter produzido longas documentais aqui na produtora, não imaginava que o meu primeiro seria um documentário, ainda mais com estreia na televisão, num canal do porte do History Channel.

CP: Como surgiu seu interesse em trabalhar com o tema? Já teve contato com algum OVNI?
CDB: Há cerca de cinco anos eu li uma notícia sobre o aparecimento de um agroglifo no interior de Santa Catarina, na pequena cidade de Ipuaçu, com cerca de 7 mil habitantes. Agroglifo é como é chamado no Brasil o fenômeno de Crop Circle, que são aqueles desenhos gigantes feitos em plantações de grãos, que só podem ser vistos na totalidade quando de muito alto. Tudo isso me fascinou instantaneamente!

Aparecer uma figura com mais de 100 m de diâmetro no meio de uma plantação de trigo de uma cidade dessas é um fato completamente inusitado e curioso, o que só me deixou mais instigada. Tanto como espectadora quanto como realizadora, adoro quando temas obscuros encontram um clima próximo ao bizarro que equilibra mistério e comédia, e foi isso que busquei fazer no “Círculos”. Eu ser do interior de Santa Catarina também gerou uma grande empatia, pois as cidades nessa região são muito parecidas, com colonização basicamente italiana e um sotaque único, logo eu já imaginava alguns desdobramentos possíveis para os personagens do filme, sendo que os principais eu conheci por vídeos postados no YouTube, durante fase inicial da pesquisa. Nunca tive contato com OVNI, pelo menos eu acho que não. Vai saber, né?

Círculos
Foto: Poster do documentário

CP: Como fazer um filme sobre o tema que fosse sério e levasse algo de novo, tanto para os interessados em ufologia, quanto para aqueles que não acreditam?
CDB: Em Março de 2015, eu e uma micro equipe resolvemos conhecer os potenciais personagens e a cidade de Ipuaçu pessoalmente. Foi uma viagem de pesquisa rápida e muito intensa, pois passamos os dias conversando com várias pessoas sobre o fenômeno. E era muito instigante, pois a cada conversa nossa opinião sobre o assunto mudava. Decidi que era essa a sensação que eu gostaria que o espectador sentisse, essa instabilidade da verdade, que pra mim é um dos temas do filme. Por isso acho que “Círculos” trata com respeito tanto o espectador que está por dentro dos acontecimentos da ufologia quanto os totalmente descrentes, que querem apenas assistir a um documentário sobre o assunto.

Nesse sentido, o filme traz um frescor, pois não é sensacionalista, não tenta a qualquer preço enfiar uma verdade goela abaixo. Procurei limpar ao máximo qualquer tom professoral ou científico demais. Busquei interações entre os personagens em vez do tradicional “talking heads”, com apenas pessoas sentadas falando para a câmera sobre o mesmo assunto. O próprio renomado ufólogo Ademar J. Gevaerd, um dos grandes personagens do filme e fundador e editor da Revista UFO, apresenta um lado muito mais real, humano, pessoal do que um especialista no assunto.

CP: Qual foi o grau de ajuda e importância de Gevaerd, um dos responsáveis pela Revista UFO, para o filme?
CDB: Foi muito importante para nós, desde o momento em que tivemos a ideia de desenvolver o projeto. Desde o início, o “Geva”, como carinhosamente o chamamos, nos auxiliou com material de arquivo, publicações, depoimentos, contatos. Topou ser um personagem grande dentro do filme, cedeu imagens que utilizamos no corte final, enfim. O grau de importância é inestimável.

CP: Quanto tempo durou todo o processo do projeto, desde as primeiras pesquisas até a finalização?
CDB: Se for contar desde a vez em que eu li a primeira notícia sobre o assunto e passei a ficar alerta e estudar o caso, somam-se cinco anos. Mas se contarmos a partir do momento que eu e a Ana Paula Mendes (minha sócia e também produtora do filme) nos olhamos e decidimos levantar o projeto de vez, somam-se 2 anos.

O ufólogo Gevaerd examinando um agroglifo

CP: Quantas horas de gravações e entrevistas vocês fizeram? Pensam em lançar outros documentários sobre Ufologia?
CDB: Entre material da gravação da pesquisa em Março, material de arquivo coletado e a gravação do filme propriamente dito, acredito que tenhamos cerca de quarenta horas de material bruto, falando por baixo. Com certeza queremos seguir explorando temas dentro da ufologia e da ficção-científica, de uma maneira geral. Documentário é um gênero bastante apropriado para esses temas, já que, muitas vezes, a “realidade” é mais interessante que a ficção.

CP: Tem outros projetos engatilhados para um futuro próximo? Se sim, poderia nos falar um pouco sobre eles?
CDB: Sim, alguns projetos em diversos estágios de produção. Ainda neste ano filmarei um curta-metragem de horror, por exemplo. Também estou me preparando para dirigir o longa documental “No (sam)Balanço de Orlandivo”, contemplado pelo Edital Longa DOC (SAV/Minc 2014) e o longa de ficção “Casarão”. Não me prendo a um gênero ou a um tema. Quero é poder contar histórias interessantes e adquirir experiência a cada produção para que eu possa contar também de um modo mais interessante a próxima história.

A seguir um trecho das gravações para o documentário Círculos:

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