Seria impossível que este novo projeto do ótimo e controverso diretor Michael Haneke (‘Cache’) tivesse outro título senão ‘Amor’. No decorrer de 125 minutos se consegue um grau impactante de intimidade e naturalidade entre espectador e os excelente protagonistas Jean-Louis Trintignant (‘O Conformista’) e a indicada ao Oscar Emmanuelle Riva (‘A Liberdade é Azul’).
A apresentação inicial nos joga num universo tenso, provando que a visão de Haneke sobre a vida é ao mesmo tempo sublime e dura. Em seguida somos praticamente obrigados a abrir nossa alma, quando nos flagramos sendo olhados, quase diretamente por uma platéia. ‘Amor’ é um amontoado de perspectivas que podem ser quebradas de uma hora para outra, mas reconstruídas tão fortemente quanto antes.
Emmanuelle Riva constrói sua Anne com sinais bastante claros de independência para logo depois pontuar uma inexpressividade e uma dor no olhar que não se vê todos os dias. Além disso, a falta de trilha sonora – uma marca nos projetos do diretor – é uma excelente adição à trama, que conta com ângulos de câmeras fixos e sem qualquer tipo de exagero visual.
Após sofrer um derrame e ficar com todo seu lado direito paralisado, Anne, uma professora de música aposentada, tentará reaprender a viver com a ajuda de seu marido Georges. Porém, a cada dia sua mente e seu corpo já não respondem aos estímulos e aos exercícios fisioterápicos.
Os exemplos cotidianos e as tarefas mais simples acabam tendo um grau de dificuldade elevados para Anne, que mesmo sem querer, sente medo da morte. Dali a pouco temos os filhos negligentes com a situação dos pais, as preocupações financeiras que parecem mais importantes e, no fim, a libertação silenciosa e emocionante. Assim como na vida, os finais dramáticos se sobressaem aos momentos felizes.
Título Original: Amour
Ano Lançamento: 2012 (Alemanha/Áustria/França)
Dir: Michael Haneke
Elenco: Emmanuelle Riva, Jean-Louis Trintignant, Isabelle Huppert, William Shimell, Rita Blanco, Laurent Capelluto
ORÇAMENTO: 7,9 Milhões de Euros
NOTA: 9,0