Guillermo del Toro é um dos maiores diretores de sua geração… e isso é fato! Já nos presenteou com Cronos, Mutação, A Espinha do Diabo e Labirinto do Fauno. Aliás, uma pergunta tem sido recorrente desde que seu último projeto estreou nos cinemas: A Forma da Água é maior que Labirinto do Fauno? Já posso antecipar que não. Mas vamos esmiuçar mais isso.
Apesar de não gostar deste tipo de comparação, não há como negar que existem semelhanças entre as duas obras. Os roteiros se passam durante momentos históricos importantes, temos protagonistas femininas que poderão parecer frágeis, mas provarão o contrário, além de todo cuidado com o design das criaturas presentes ali. Porém, A Forma da Água também consegue ‘andar com suas próprias pernas’.
Nas mãos de qualquer outro diretor, o romance entre uma mulher e um ser animalesco, vindo das profundezas do mar, teria tudo para se tornar desconexo. Mas del Toro é sensível e detalhista o suficiente para nos fazer aceitar tal ferramenta do roteiro. Sem contar que a construção da personagem Elisa por Sally Hawkins e a atuação corporal de Doug Jones é estonteante e com pouquíssimos diálogos.
Coadjuvantes como Michael Shannon – excelente como um vilão tóxico e ameaçador – e Michael Stuhlbarg, aumentam a qualidade desta empreitada. Só não dá para dizer o mesmo de Octavia Spencer, que tem um interpretação bem abaixo dos demais.
Num bate papo com um amigo, ele citou que ‘a criatura é uma cópia de Abe Sapien, de Hellboy’. Mas há uma referência bem mais clássica para a criatura: o famoso Monstro da Lago Negro, um dos icônicos monstros da Universal.
Os enquadramentos e o cuidado com cada parte e cada detalhe dos cenários encheram meus olhos e a cena inicial é uma pintura lotada de poesia e sentimento. E enquanto Labirinto do Fauno continua como uma obra prima moderna, A Forma da Água é uma história de amor com alma, mas com viradas previsíveis e menos arrojadas que o anterior.
Sinopse de A Forma da Água:
Elisa cuida da limpeza de um laboratório e certo dia, se depara com uma criatura meio humana meio anfíbia que é mantida em cativeiro. Ela se apaixona pelo espécime e, notando que os cientistas o estão torturando, decide armar um plano para tirá-lo dali. O mundo exterior ao laboratório pode se revelar perigoso para o homem anfíbio e agora, Elisa deverá lutar contra tudo e todos para salvá-lo.
Título Original: The Shape of Water
Ano Lançamento: 2017 (Estados Unidos)
Dir: Guillermo del Toro
Elenco: Sally Hawkins, Michael Shannon, Richard Jenkins, Doug Jones, Lauren Lee Smith, Michael Stuhlbarg, Octavia Spencer
ORÇAMENTO: 19,5 Milhões de Dólares
NOTA: 8,0
INDICAÇÃO DO FILME PARA O OSCAR: Filme / Direção / Atriz / Ator Coadjuvante / Atriz Coadjuvante / Roteiro Original / Fotografia / Figurino / Mixagem de Som / Edição de Som / Design de Produção / Montagem / Trilha Sonora Original