‘O Menino e o Mundo’ poderia ser um curta metragem? Talvez. Mas não conseguiria criar esta proximidade tão grande entre personagem e espectador. Pensando no fato de ser uma animação sem falas legíveis e com uma estética bastante diferenciada, muitas pessoas poderão se incomodar, mas por trás deste ‘rostinho inocente’, existe muito mais coisas a se falar.
E há uma espécie de linguagem mundial, pois todos sabem o que é pobreza, manipulação dos meios de comunicação e desvio de dinheiro. Mas ao contrário do que estamos acostumados, a crítica no roteiro de Ale Abreu chega pelos olhos inocentes de uma criança – e por conta disso nós não entendemos o que os adultos estão dialogando – e as cores vivas e radiantes e a criação de um universo lúdico tem tudo haver com a mente jovem do protagonista.
Mesmo assim, chega um determinado momento em que necessitaríamos de um clímax intenso, ou seja, um certo empurrão para fazer a história realmente andar com naturalidade. Os coadjuvantes ajudam nesta jornada de busca e descobertas e a figura do pai está sempre presente, de uma forma tocante e singela.
Depois de ver seu pai indo embora para a cidade grande em busca de melhores condições para sua família, um garotinho em busca dele e descobre um novo universo, lotado de condições e ambientes jamais vistos por ele e precisará da ajuda de todos para que o reencontro aconteça.
Para quem acompanhou todo o processo, é complicado notar a diferença que o governo faz entre uma produção com atores globais e outra independente. Mas ‘O Menino e o Mundo’, assim como ‘Uma História de Amor e Fúria’, prova que o gênero da animação no Brasil conta com cabeças pensantes e com espectadores com um nível de responsabilidade social e cultural muito maior que os tais ministros de Brasília.
Título Original: O Menino e o Mundo
Ano Lançamento: 2013 (Brasil)
Dir: Alê Abreu
Vozes: Alê Abreu, Emicida, Vinicius Garcia, Melissa Garcia, Naná Vasconcelos
ORÇAMENTO: —
NOTA: 7,0
Por Éder de Oliveira