ENTREVISTA COM O DIRETOR DE ‘O VENDEDOR DE PASSADOS’

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Lula Buarque de Hollanda é um dos fundadores da Conspiração Filmes e mestre em cinema pela NYU, ele se dedicou ao trabalho em documentários e produziu especiais sobre grandes nomes da nossa música, como Marisa Monte, Gilberto Gil e Milton Nascimento. “O Vendedor de Passados” foi sua primeira adaptação literária para o cinema. Seu próximo projeto de longa-metragem será “Leite Derramado”, a partir do livro homônimo de Chico Buarque.

Cinema e Pipoca: Por que a escolha de fazer isso neste momento da sua carreira?
Lula Buarque de Hollanda: Já tinha feito uma comédia em 2003 com o pessoal do Casseta & Planeta, além de muitos especiais de música e documentários. Sempre tive vontade de fazer ficção, mas nunca achei um roteiro que me seduzisse. Tecnicamente, temos grandes atores e diretores, mas ainda temos alguma dificuldade com os roteiros. Fico encantando de poder fazer filmes que vão de fato interferir na vida das pessoas e que toquem em questões do nosso cotidiano.

C&P: Lázaro Ramos e Alinne Moraes sempre foram as primeiras escolhas para a dupla de protagonistas ou tiveram outros nomes?
LBH: Admiro o trabalho do Lázaro há muito tempo e ele foi o primeiro nome que pensei para interpretar o Vicente. Desde o início ele abraçou o projeto. É interessante escalar um ator negro neste papel, pois a questão do racismo não se coloca neste filme. Já trabalhei a negritude de maneira profunda em outros trabalhos. Neste filme, estamos falando de um Brasil pós-racismo, mesmo que de maneira utópica. Não falar sobre isso no filme foi a posição que decidimos tomar sobre o assunto. A Alinne foi igualmente receptiva e uma grande parceira. Passamos um mês ensaiando e trabalhando para que os diálogos pertencessem aos personagens.

lula buarque
C&P: Qual o maior desafio de um filme de ficção?
LBH: Sem sombra de dúvidas é o roteiro. No caso deste filme, propus à roteirista Isabel Muniz a ideia de um personagem jovem, que morasse no Rio de Janeiro, e que, além de criar passados, tivesse em sua vida conflitos sentimentais. A Isabel fez um belo trabalho, desenvolvendo a trama e criando novos personagens, resultando em um roteiro ao mesmo tempo original e contemporâneo. O trabalho de roteiro ainda foi bastante desenvolvido durante todo o mês de ensaio, onde novas ideias e diálogos foram sendo incorporados. Gosto muito de dedicar tempo e energia aos ensaios, acredito que faz toda a diferença para que possamos entender em profundidade, tanto os personagens quanto a trama. Chegamos todos no set bastante íntimos de Vicente, Clara e companhia…

C&P: O que te atraiu na obra a ponto de querer adaptá-la para o cinema?
LBH: Li o livro há uns seis anos e me apaixonei pela ideia. É um personagem que pode existir em qualquer civilização e isso é genial. O filme vai de encontro a uma realidade muito contemporânea, considerando que estamos vivendo a época do Facebook e das notícias falsas. As pessoas não sabem quem são ou quem querem ser. Isso faz com que a verdade seja mais elástica hoje em dia. Todo mundo está sempre bem na internet e tem uma vida perfeita, é a Geração Rivotril! O conceito de “moral” está mais complexo hoje e o filme reflete isso.

Primeiro vingador do Cinema e Séries (antigo Cinema e Pipoca) e do Pipocast, sou formado em Jornalismo e também em Locução. Aprendi a ser ‘nerdzinho’ bem moleque, quando não perdia um episódio de Cavaleiros do Zodíaco na TV Manchete ou os clássicos oitentistas na Sessão da Tarde. Além disso, moldei meu caráter não só com os ensinamentos dos pais, mas também com os astros e estrelas da Sétima Arte que me fizeram sonhar, imaginar e crescer. Também sou Redator Freelancer.

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