Entrevistas
Entrevistamos Gabriel Sampaio, autor do scifi Exídium

Gabriel Sampaio, autor do scifi Exídium, esteve no Anime Friends 2018 e nos cedeu uma entrevista muito interessante a respeito dos processos de seu livro e também da parceria na HQ Exceção Hostil.
Sobre achar que o gênero scifi dá mais escopo para criar um universo que discuta melhor assuntos como censura, descriminação e etc., ele comenta que “tanto em Exídium quanto em Exceção Hostil, uso o futuro como uma forma de poder extrapolar as questões que enfrentamos no presente. O futuro de Exceção Hostil apresenta os mesmos problemas que temos hoje, só com um pouquinho de exagero para deixar a história mais empolgante e cheia de ação”.
Confira a entrevista na íntegra logo abaixo!
Apesar de se passar no futuro, você insere discussões que estão em nossa sociedade atual, como casamento entre pessoas do mesmo sexo, censura, discriminação e etc. A ideia da HQ foi sempre essa, de mexer numa ferida exposta? E acredita que o gênero scifi te dá mais escopo para criar tal universo?
Gabriel Sampaio: Sim, assim como em Exídium (meu último livro) usar o futuro é uma forma de poder extrapolar as questões que enfrentamos no presente. O futuro de Exceção Hostil apresenta os mesmos problemas que temos hoje, só com um pouquinho de exagero (evidente nas máscaras da CHUD, que lembram o Ku Klux Klan) para deixar a história mais empolgante e cheia de ação.
Cinema e Pipoca: Você apresentou 2 trabalhos no Anime Friends 2018. Um deles foi Exceção Hostil, uma HQ que você roteirizou que fala sobre uma heroína um pouco diferente. Poderia nos contar como surgiu a ideia?
Gabriel Sampaio: A ideia surgiu do convite do Luiz Gustavo Pereira, que é o desenhista. Ele tinha acabado de concluir o quadrinho do Trindade (Seu primeiro livro publicado) e queria continuar a praticar histórias em quadrinhos. Então me mostrou um rascunho de uma criança com deficiência e pediu pra eu pensar numa história pra ela. Eu perguntei: Mas será sobre qual tema? E quando ele pensou em falar sobre preconceito, as ideias vieram com força. A menina iria se tornar uma matadora de fascistas e enfrentaria também um político poderoso, cheio de preconceitos.
Daí em diante foi fácil. Tive que buscar as inspirações nas vidas de pessoas que conheço e que contribuíram muito para minha formação humana. Também tive que refletir sobre a questão do preconceito e buscar informações e reflexões sobre o assunto.

Foto de divulgação de Exceção Hostil
Cinema e Pipoca: Como é escrever o roteiro para outra pessoa criar todo o universo? Como foi este trabalho seu com o desenhista Luiz Gustavo Pereira?
Gabriel Sampaio: Foi muito mais prazeroso do que eu esperava. Eu imaginei uma história contada com imagens e confesso que fazer isso facilitou um pouco tanto pra mim quanto para o Luiz.
Depois que o roteiro estava pronto, sentamos juntos e lemos tudo. Discutindo com bastante liberdade os problemas de criar página por página. Muitas vezes eu alterava o roteiro e outras vezes o Luiz explicava que dava pra desenhar o que estava proposto sem dificuldade.
No final, quando todas as 55 páginas já estavam finalizadas, fizemos uma última leitura do roteiro e alteramos ainda mais algumas falas e balões do narrador, para que as coisas se encaixassem. Pena que fizemos isso com certa pressa, já que o Luiz estava de mudança para Portugal. Se tivéssemos mais tempo, o quadrinho teria ficado muito, muito melhor!
Cinema e Pipoca: Exceção Hostil terá novos volumes? Se sim, quantos e quais as datas para conferirmos esta sequência?
Gabriel Sampaio: Sim! Vai ter, pelo menos, mais um volume. Mas como escrever e desenhar não é nosso único trabalho (ambos somos professores, eu de Português e Inglês e o Luiz de desenho) não temos muita pressa. Já há um Mini-Comic disponível para leitura no Blog do Exceção Hostil e outras histórias estão a caminho. Inicialmente elas serão disponibilizadas online, mas devemos compilar todas e lançar em revista física em cerca de um ano a partir de agosto de 2018.

Página de Exceção Hostil
Cinema e Pipoca: O outro trabalho foi Exídium. Então conte um pouco sobre a esta história, para quem não conhece.
Gabriel Sampaio: O Exídium é o meu maior e mais complexo trabalho até agora. É uma história que me acompanha desde a adolescência e trata de temas como opressão, tirania e até um tipo de escravidão nunca vista, mas também mostra que dessas coisas horríveis podem surgir união e compreensão.
O Cenário de Exídium é a nossa Galáxia, em cerca de 30 (ou talvez 40) mil anos. Neste cenário, quando a humanidade já está espalhada e dividida, um ser sinistro e poderoso vai surgir e colocar os grandes povos em uma sequência de eventos que culminará numa Grande Guerra e mudará toda a vida para sempre.
O livro também é cheio de representatividade, aventura e reviravoltas. E estou muito feliz com as críticas que ando recebendo.
Cinema e Pipoca: Exídium lembra Star Wars em determinados momentos. Mas como se distanciar da obra de George Lucas e não cair nos clichês estabelecidos por ele?
Gabriel Sampaio: Eu sempre brinco dizendo para as pessoas que falam isso que o Exídium é o que Star Wars não tem coragem de ser! E adoro poder dizer isso…

Personagens de Exídium
No final das contas, não acho possível me distanciar de Star Wars, afinal foi uma parte muito importante de minha infância. Mas é fácil acrescentar coisas novas e misturar sua influencia com outros elementos. Existem sim cenas narradas em Exídium que fazem homenagem direta a momentos do Star Wars, mas também há homenagens a Animes (como Dragon Ball Z) e Livros clássicos da Ficção Científica que vão desde FUNDAÇÃO do Isaac Asimov até Os DESPOSSUÍDOS da Ursula K. Le.
Cinema e Pipoca: O que podemos esperar de Exídium para os próximos anos? Sequências poderão sair?
Gabriel Sampaio: O Exídium foi feito para ser uma história única. Mas para conceber esta história tive que criar um esboço da nossa “História Galáctica”. Por isso tem uns acontecimentos muito interessantes que possivelmente serão contados em forma de HQs. Acho que a primeira delas será um Conto que escrevi chamado “Robôs vs Andróides” que saiu publicado na Coletânea Pensamentos Eletrônicos da Editora Darda. Eu me orgulho muito desse conto, pois em 5 páginas eu consigo contar sobre uma revolução num planeta-fábrica de robôs que acaba levando até a “Grande Tecno-Guerra”.

Naves de Exídium
Cinema e Pipoca: Se fosse para fazermos um filme baseado no livro, quais atores você gostaria que interpretassem os personagens principais?
Gabriel Sampaio: Aqui eu vou ter que te mostrar uma foto para responder.

Venn, personagem inspirado em Jeff Bridges
Todos os personagens do Exídium foram visualmente pensados por mim e pelo Bruno S. Nascimento, e para isso, eu tive que mostrar a ele fotos de pessoas reais. Muitas delas foram fotos de atores e atrizes.
O Venn foi inspirado no Jeff Bridges. O Vyrom no Jason Isaacs (que fez o capitão do novo Star Trek) e a Rainha Dellana foi inspirada na brasileira Cléo Pires. Só pra falar destes Três.
Cinema e Pipoca: O que é mais difícil, escrever o roteiro para uma HQ ou estruturar um livro?
Gabriel Sampaio: São trabalhos diferentes. Mas para mim, que só escrevo, o livro joga toda responsabilidade sobre o meu trabalho. A HQ divide a responsabilidade com outro artista cujo trabalho acaba chamando muito mais atenção do que o meu texto. Então eu diria que escrever quadrinhos traz o desafio de ser breve e econômico com falas e explicações, mas o livro é mais difícil pois se eu quiser entregar um trabalho de valor, tenho que caprichar em cada frase, nas escolhas de quem está contando o quê e no estilo de cada capítulo.
O barato pra mim é poder variar e fazer um pouco dos dois… Talvez mesclar esses dois gêneros em trabalhos recheados de ilustrações e com um pouco mais de texto do que um quadrinho tem em média. Eu e o Salviano Borges já estamos com um projeto assim em desenvolvimento, mas sobre esse eu prefiro manter o suspense por enquanto.
Termino dizendo que acredito mesmo que qualquer um possa escrever. Verdade. Eu não me considero, de forma alguma alguém abençoado com um dom… Ensinar a escrever é o meu principal trabalho como professor de Língua portuguesa, mas deixo a dica de que, se você quer escrever, antes de mais nada precisa ler e mais ainda, ler coisas diferentes. Se você ler só mais do mesmo, não vai ter parâmetros para saber se o que você está escrevendo é bom para os outros ou só é bom para você!
Confira o Book Trailer de Exídium:
Confira o Book Trailer de Exceção Hostil:
Editor CP
ENTREVISTA E TOP CP – 7 FILMES RECENTES TIRADOS DE LIVROS INFANTIS
Hoje, dia 02 de abril, comemoramos o Dia Mundial do Livro Infantil. O gosto pela leitora começa desde cedo e vale a pena os pais incentivarem sempre seus filhos e lerem juntos as mais variadas obras. Além da lista de filmes, que dá nome à postagem, segue uma entrevista com Christian David, autor de livros juvenis como ‘A Menina que Sonhava com os Pés’
– ONDE VIVEM OS MONSTROS (2009)

Baseado no livro de Maurice Sendak, ‘Onde Vivem os Monstros’ é um filme que deve ser redescoberto o quanto antes. Há muito simbolismo para pontuar o rito de passagem da criança para a adolescência, sem contar a forma delicada com que o roteiro nos mostra a solidão e ao mesmo tempo, os subterfúgios criados pela mente da criança. Pequeno grande filme.
Entrevistas
Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa, que estreia hoje (19), no Globoplay

A partir de hoje (19), os assinantes do Globoplay poderão acompanhar as aventuras e descobertas dos jovens e adolescentes de Vicky e a Musa, com a estreia da primeira parte da temporada. Por isso, essa entrevista com Rosane Svartman (criadora e escritora do programa) é mais do que bem vinda!
Com direção artística de Marcus Figueiredo, a série mostra a importância da arte na vida das pessoas. “Todo mundo tem um filme que marcou a sua vida, uma música que lembra alguém especial, um livro que nunca esqueceu. Esta é uma série não só sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis a ela e à cultura como um todo, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda melhor o outro. A arte nos faz humanos”, conceitua Rosane.
No primeiro musical criado e produzido pelos Estúdios Globo, se destacam os dilemas da adolescência – uma época em que “tudo parece o fim do mundo e, na verdade, é apenas o começo”, nas palavras da autora, e o amadurecimento dos jovens adultos, já que a trama passeia também por suas escolhas profissionais que se sobrepõem aos sonhos, pela entrada no mercado de trabalho, pelos relacionamentos que se transformam ao longo do tempo, entre outras questões.
Antes da entrevista com Rosane Svartman, vamos conferir a sinopse e o elenco da série!
Sinopse de Vicky e a Musa
O fio condutor dessa história sobre o poder transformador da arte é Vicky (Cecília Chancez), uma jovem estudante cheia de sonhos, que sempre foi apaixonada por música e dança e tenta entender seu lugar no mundo com a chegada da adolescência.
Ela e Luara (Tabatha Almeida) sempre foram grandes parceiras, mas a relação das duas está abalada desde que Luara resolveu deixar a amiga de lado, sem qualquer motivo aparente, e passou a ignorá-la após a morte da mãe durante a pandemia de Covid-19.
Cansada dessa vida solitária e reagindo às provocações de Luara, Vicky desabafa na praça do bairro e, enquanto suas palavras carregadas de sentimento são ditas no timbre mais forte de sua voz, uma brisa intensa levanta a poeira no local e chama a atenção de todos.
O significado disso nem ela mesma sabe, mas seu pedido de socorro está prestes a ser atendido por Euterpe (Bel Lima), a musa da música segundo a mitologia Grega e uma das figuras que mais chama sua atenção nas aulas lecionadas por Isa (Malu Rodrigues), irmã de Luara.
Com inúmeros artistas que se tornaram ícones da música graças aos seus encantos, a filha de Zeus chega à Terra trazendo apenas um propósito: inspirar Vicky para, através dela, arrebatar outras pessoas e, consequentemente, todo o bairro de Canto Belo.
Junto de sua chegada, uma aura de magia toma conta do local, sinalizando que algo muito poderoso está prestes a acontecer: conforme Euterpe caminha pelas ruas, ela inspira as pessoas com sua purpurina mágica, que cantam com ela a música “O Sol”, de Vitor Kley, no primeiro de muitos clipes que embalam a trama.
Assim, a deusa, que chega um pouco perdida porque não pisa no planeta Terra há muito tempo, se encanta pela vizinhança. Sem que ninguém saiba que ela é uma divindade, Euterpe tem papel fundamental na transformação de Canto Belo, já que enxerga nos indivíduos algo que eles mesmos não veem. Apesar da disposição e de estar munida de sua purpurina mágica do entusiasmo, a musa da música logo percebe que a tarefa não vai ser nada fácil.
Para sua surpresa, e ao mesmo tempo, decepção, seu irmão Dionísio (Túlio Starling), deus do teatro, também volta à Terra. Com um jeito excêntrico e ao mesmo tempo atrapalhado, ele tem certa dificuldade de interagir com os humanos. Eles não compreendem suas piadas milenares e seu humor incomum. Dionísio vai provocar muita confusão e, algumas vezes resolver empecilhos, com seu dom de se transformar em outras pessoas.
É no teatro abandonado da região que os irmãos decidem se refugiar. E é, então, nesse lugar ‘sagrado’ que cada jovem envolvido no processo transformador de Canto Belo vai se reconectar com a sua essência ao longo dos episódios. Um efeito cascata terá início com a chegada dos deuses, por meio da arte, e vai propor aos personagens uma jornada de reencontro consigo mesmos e de reconexão em suas relações sociais.
O elenco da série
O elenco da série, cuja segunda temporada tem previsão de estreia em dezembro, tem nomes conhecidos do público nas redes sociais, teatro, cinema e da TV. Além de Cecilia Chancez, Tabatha Almeida, Bel Lima e Túlio Starling, o musical conta ainda com Nicolas Prattes, João Guilherme, Cris Vianna, Dan Ferreira, Jean Paulo Campos, Malu Rodrigues, Hilton Cobra, Pedro Guilherme Rodrigues, Leticia Isnard, Manu Estevão, entre outros. Os episódios finais da primeira temporada chegam ao Globoplay no dia 26 de julho.
Então, sem mais delongas, vamos para a entrevista com Rosane Svartman.
Entrevista com Rosane Svartman
Como descreve a série ‘Vicky e a Musa’ e os elementos que funcionam como fio condutor da história?
- Rosane: ‘Vicky e a Musa’ é uma série que valoriza a arte e a cultura, e mostra como isso pode transformar pessoas e como pessoas transformam territórios. Não é uma história apenas sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis à arte e cultura, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda o outro. Arte é também empatia. Em ‘Vicky e a Musa’, o território também é protagonista, além das pessoas que vivem ali. Ao longo da trama, Canto Belo se transforma, assim como suas personagens. Mas Vicky (Cecilia Chancez) tem extrema importância nesse processo, ela é o fio condutor. É a personagem que sente falta de alguma coisa naquele lugar que nem sabe direito o que é e, sem querer, chama a musa da música. E é a partir da chegada de Euterpe (Bel Lima) que as pessoas e o território são transformados através da arte.
De que forma o gênero musical influencia na escrita da obra?
- Rosane: Influencia muito, porque as músicas precisam ajudar a contar a história e a retratar aquele momento de cada personagem. Acredito que o cancioneiro brasileiro é muito rico e viaja o mundo. Temos artistas incríveis, uma diversidade muito bacana e nós da equipe de roteiro e pesquisa tentamos trazer isso para a série, com músicas de várias épocas e gêneros, mas que precisavam caber na narrativa.
O Teatro Parnasus é um dos principais cenários da série. Qual é a importância desse lugar para a trama?
- Rosane: O teatro começa abandonado até que os jovens o ocupam com a inspiração dos deuses da arte, e, à medida que vão se transformando e transformando o teatro, eles entendem que a arte vai além daquelas paredes e cadeiras.
E a última questão da entrevista com Rosane Svartman é: o que o público pode esperar de ‘Vicky e a Musa?
- Rosane: Espero que o público se inspire. Acho que ‘Vicky e a Musa’ faz a gente pensar sobre o nosso cotidiano, sobre a nossa realidade e como a arte está presente em nossas vidas. Espero que seja uma série lembrada também por alegrar a vida das pessoas.
E então, o que achou dessa Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa?
Entrevistas
Entrevista com Ivo Lopes Araújo, diretor de fotografia do longa “Casa Vazia”

O Cinema e Pipoca recebeu um material exclusivo, com uma entrevista com Ivo Lopes Araújo, um dos mais aclamados diretores de fotografia da atualidade no país. O cearense ajustou o foco e enquadrou as cenas de recentes sucessos do cinema brasileiro, como Girimunho, Tatuagem e Greta. Também integrou a equipe do internacionalmente premiado Bacurau.
O mais novo trabalho do fotógrafo é o longa-metragem Casa Vazia, que chega aos cinemas neste fim de semana em São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Natal, Palmas e no Rio de Janeiro. Por esse filme, Ivo conquistou um Troféu Redentor, no Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2021, e um Kikito, no Festival de Gramado no ano passado.
Rodada em Santana do Livramento (Rio Grande do Sul) e Rivera (Uruguai), a produção aborda o empobrecimento da população em áreas agrícolas marcadas pelo avanço da tecnologia e das desigualdades sociais.
Dirigido por Giovani Borba e definido como um neo-western pela revista Variety, o filme explora uma linguagem híbrida entre ficção e documental e tem como protagonista um não-ator, Hugo Noguera, que é um ex-peão de estância.
Confira a entrevista com Ivo Lopes Araújo, sobre o longa Casa Vazia
Casa Vazia foi sua estreia em um filme rodado no pampa gaúcho. Como foi essa experiência?
Ivo: Foi a primeira vez que eu filmei nos pampas gaúchos. Foi incrível porque tem uma luz muito suave. Então durava horas do dia aquela luz suave. Tudo fica muito colorido. Os contrastes ficam certinhos, é uma paisagem incrível mesmo. Mas acho que a paisagem é usada a serviço do filme. E aí tem um trabalho que eu acho que é coletivo. Pra mim, foi um privilégio estar filmando nesse lugar, nessa época, e pra contar essa história. Tudo estava casando muito bem.
Como foi transpor para a tela a imensidão dos campos e essa sensação de vazio que permeia toda a trama?
Ivo: É impressionante como a natureza é forte na imagem. Ela traz tantas sensações. Acho que é nosso inconsciente, nossa memória ancestral que faz com que a gente se relacione com aquilo num lugar muito poderoso. É impressionante como, dependendo da história que se cria, da trama, você pode ter uma sensação de plenitude com a natureza, de solidão. Então, ela amplifica o gesto humano e o que a dramaturgia tá contando. No caso desse personagem silencioso e desse vazio que o filme cria, a natureza é usada para expandir isso, levar para um lugar maior. E funciona muito bem. O que poderia ser uma paisagem bucólica, se torna uma paisagem quase opressora pela sensação de solidão e de vazio que o personagem tá vivendo. É bem interessante o uso da natureza para tornar esse sentimento maior.
Você conquistou um Troféu Redentor e um Kikito com Casa Vazia. Em diversas cenas, a fotografia parece ser a única personagem que dialoga com o protagonista. Essa foi a sua intenção?
Ivo: É bem importante entender que o trabalho de composição da imagem do filme e a forma como ela ajuda na dramaturgia não é um trabalho só do fotógrafo. É um trabalho do diretor de arte, a escolha das locações, o figurino que o ator tá usando numa uma paisagem verde, o próprio ator, a entrega dele, o diretor que tá arquitetando tudo isso. Fico muito lisonjeado com os prêmios de fotografia. Mas é muito importante expandir e entender como essa paisagem natural e essas imagens se tornam poderosas.
É o trabalho de uma equipe toda, a equipe de fotografia, que tá ali junto iluminando, pensando os movimentos, trabalhando o foco, fazendo a imagem se constituir fisicamente mesmo. Não só os elementos de conceito, mas a mão na massa. A câmera estar no lugar certo, os movimentos de câmara, os travellings. Tem um trabalho de botar a mão na massa e materializar a imagem. E que o fotógrafo também não faz sozinho.
E quais são os seus próximos projetos?
Ivo: Tem um filme que foi rodado ano passado na África entre Mauritânia e Guiné Bissau, dirigido por um realizador português, Pedro Pinho. Amanhã será outro dia é um filme enorme, nunca tinha participado de uma produção tão grande. Foram vinte semanas de filmagem, um roteiro muito grande e uma história muito interessante.
Eu tô bem curioso e ansioso pra ver esse filme pronto e na tela. Tô agora em fase de finalização e colorização do filme dirigido pela Clarissa Campolina e pelo Sérgio Borges, que se chama Fera na Selva. Também foi um grande prazer trabalhar de novo com esses realizadores.
E então, o que achou dessa entrevista com Ivo Lopes Araújo? Comente com a gente em nossas redes sociais!
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