
Futebol de Cegos é aquele tipo de documentário bem ao estilo do Globo Repórter, ou seja, haverá um padrão muito bem delineado e sem grandes rompantes dramáticos. Isso porque estamos falando de um projeto que tem o SporTV como coprodutor e que será exibido, também, no Globoplay. Contudo, não quero tirar o mérito do trabalho do diretor e roteirista André Bushatsky, que acompanhou a Seleção brasileira durante anos, para compor um quebra cabeças das dificuldades deste esporte.
Os atletas vivem, no filme, o período de preparação para Paris 2024, desta forma, passam por desafios como a Copa do Mundo, e vão crescendo ainda mais, não apenas como esportistas individuais, mas como um coletivo. Há uma cumplicidade entre eles, que sai da tela e chega ao espectador, mas creio que tenha faltado focar mais nos jogos e, principalmente, nos clássicos como Brasil e Argentina, até porque, apesar de já sabermos os resultados, esse entrelaçamento poderia deixar tudo mais marcante.
Jogadores como o gaúcho Ricardo Alves “Ricardinho”, os baianos Jeferson Gonçalves “Jefinho”, Cássio Reis, Maicon Júnior e Raimundo Nonato, jogam ao lado do maranhense Jardiel Vieira, do gaúcho Jonatan Silva, do paranense Tiago “Paraná” da Silva, dos goleiros paraibanos Luan Lacerda (natural de João Pessoa) e Matheus Costa (natural de Campina Grande) e do técnico Fábio Vasconcelos e, em 70 minutos – que é a duração do documentário, se preparam não só nas quadras de João Pessoa, mas na praia e, claro, em Paris.
Futebol de Cegos: acima de tudo, busca por aceitação, assim como todos os outros esportes
Ao todo, já foram cinco medalhas de ouro consecutivas (Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020) e, assim como tantos outros esportes, ainda não existe o devido reconhecimento. Portanto, mesmo que se mantenha numa linha padrão e sem rompantes, como pontuei logo no primeiro parágrafos, Futebol de Cegos é um sopro necessário para que todos – marcas, confederações, emissoras e espectadores – olhem com carinho para tudo o que os atletas fazem dentro e fora das quadras.
E, assim como na vida, aprendemos pelo esporte que há vitórias satisfatórias e derrotas doloridas. Tudo isso evolui quando a trilha sonora de Tami Belfer cresce. Pode até ser que essa tão sonhada sexta medalha não veio agora, mas eles vão correr atrás, pois outros ciclos olímpicos chegarão e esses jogadores voltarão, mais uma vez, para lutar por sonhos seus, de seus familiares, amigos e de uma nação… mesmo que essa nação não compreenda, ainda, tudo o que já fizeram.
Onde assistir Futebol de Cegos?
Assista no SporTV e no Globoplay
Sinopse de Futebol de Cegos
Acompanhados por quase dois anos pela equipe de André Bushatsky, os atletas vivem no filme o período de preparação para Paris 2024. Entre os protagonistas estão o gaúcho Ricardo Alves “Ricardinho”, capitão da equipe e autor do gol que garantiu o ouro no Rio 2016, além de artilheiro no Mundial de 2018; o baiano Jeferson Gonçalves “Jefinho”, convocado à seleção em 2006 e referência de velocidade e drible dentre os atletas da modalidade; e Raimundo Nonato, que se destacou internacionalmente ao marcar o gol decisivo no título mundial de 2018 e hoje atua como pilar ofensivo da equipe.
Nota: ★★★
Curiosidades de Futebol de Cegos
- O diretor André Bushatsky acompanhou a seleção brasileira de futebol de cegos por cerca de dois anos, registrando treinos, viagens e bastidores de competições.
- O filme captura exatamente o ciclo olímpico da equipe rumo aos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, mostrando etapas do treinamento que normalmente o público não vê.
- A seleção retratada é uma potência absoluta: o Brasil conquistou cinco ouros seguidos no futebol de cegos (2004, 2008, 2012, 2016 e 2020).
- O documentário mostra em detalhes como os atletas se orientam pela bola com guizo, pela voz do goleiro, pelo técnico, e pelo guia atrás do gol adversário, revelando a complexidade tática da modalidade.
- Dois dos maiores nomes da história da modalidade, Ricardinho e Jefinho, aparecem não só como craques, mas como líderes e referências emocionais.
- Além da performance esportiva, o documentário mostra momentos íntimos: rotina em João Pessoa, treinos na praia, viagens, conversas e vulnerabilidades.
- O técnico Fábio Vasconcelos aparece como figura central, orientando, motivando e ajustando os detalhes táticos que fazem da seleção a melhor do mundo.
- O longa apresenta uma transição sutil dentro da equipe, com jogadores como Jardiel, Jonatan, Maicon Júnior e Tiago “Paraná”, revelando o futuro da modalidade.
- Bushatsky já havia dirigido outras obras sobre esporte paralímpico para a Globo, o que permitiu que o documentário fosse construído com uma sensibilidade rara e compreensão profunda do ambiente.





