Cinema

Filmes de Paul Verhoeven | Vida e obra do diretor

Hoje vamos explorar os filmes de Paul Verhoeven. O diretor é um dos artistas mais talentosos e polêmicos do cinema e, ao mesmo tempo, sabe misturar violência explícita, cinismo e crítica social de forma equilibrada em seus filmes.

Nascido em 18 de julho de 1938 na Holanda, se formou em matemática e física. Mas posteriormente desenvolveu sua paixão pelo cinema, trabalhando em documentários sobre a Marinha e séries de TV locais.

Filmes de Paul Verhoeven no início da carreira

Entre 1960 e 1968, ele dirigiu projetos menos conhecidos como Een hagedis Teveel, Niets Bijzonders, bem como De Lifters, Feest, Korps Mariniers e Porret van Anton Adriaan Mussert. No entanto, foi em 1969, com a série Floris, que ganhou destaque. O elenco tinha Rutger Hauer como protagonista e explorava aventuras divertidas que contrastam com o estilo mais marcante de filmes como Robocop. A série teve 12 episódios e foi exibida entre outubro e dezembro daquele ano.

No ano seguinte, Verhoeven dirigiu De Worstelaar, que teve pouca repercussão. No entanto, com Negócio é Negócio (1971), recebeu um orçamento mais substancial. Então, abordou um roteiro envolvendo duas prostitutas em Amsterdã, explorando temas de sexo e perversão.

De volta à Holanda, Verhoeven colaborou novamente com Rutger Hauer em Louca Paixão (1973), considerado o melhor filme já produzido no país. Baseado no romance de Jan Wolkers, narra o relacionamento entre Eric e Olga, destacando como o destino pode transformar um amor em um drama emocional.

O Amante de Kathy Tippel (1975), inspirado na vida de Nell Doff, vencedor do prêmio Nobel, também contou com a dupla de protagonistas do filme anterior. O tema da prostituição é explorado de maneira perspicaz na direção de Verhoeven e no roteiro de Gerard Soeteman.

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Início da transição na carreira

Seguimos então para 1977 e além de dirigir, Verhoeven escreve o roteiro juntamente com Soeteman do drama de guerra Soldado de Laranja. A reconstrução de época é excelente e a trilha sonora também, sem contar que a forma com que é apresentado cada um dos jovens que lutará contra o nazismo, se mantém tocante até hoje. Concorreu ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.

Voltou para a TV e filmou Voorbij, voorbij (1979). Criou um retrato da juventude, seus traumas, anseios, desejos e necessidades em Sem Controle (1980) e aqui o diretor abusa das cenas de sexo e o faz com maestria, colocando naturalidade em cada tomada.

O Quarto Homem (1983) é um suspense absurdamente deslumbrante, com bissexualidade à flor da pele, assassinatos e um desfecho surpreendente.

Filmes de Paul Verhoeven em Hollywood

Conquista Sangrenta (1985) é seu primeiro trabalho em Hollywood e mesmo com as amarras daquela indústria, consegue subvertê-las, lançando uma visão bastante diferenciada da sociedade do século XVI. Rutger Hauer foi escolhido como protagonista.

De 1987 a 1992, teve o auge de sua carreira, entregando aos espectadores Robocop – O Policial do Futuro, que é uma visão distópica e pessimista do mundo – serviu também para mostrar ao mundo como Detroit estaria dali alguns anos – e faturou 53 milhões de dólares contra 13 milhões de seu orçamento, transformou-se em uma franquia e ganhou seriados e desenhos animados.

Nesse ínterim faturou o Oscar de Efeitos Especiais, o Saturn Awards nas categorias melhor diretor, melhor filme de ficção científica, melhor maquiagem, melhores efeitos especiais e Melhor Roteiro e o Festival de Cinema Fantástico de Avoriaz (Prêmio C.S.T. e o Prêmio por Excelência).

Adaptou um conto de Philip K. Dick, tendo como protagonista o brucutu Arnold Schwarzenegger em O Vingador do Futuro, que se transformou num clássico ao longo dos anos e apesar de ter envelhecido um pouco mal, têm ideias excelentes e é muito melhor que o remake estrelado por Colin Farrell. No fim das contas, ainda ganhou um Oscar de Efeitos Especiais e Saturn Awards como Melhor Ficção Científica e Figurino. Arrecadou pelo mundo mais de 260 milhões de dólares.

Voltando aos filmes com temática mais sexual, Verhoeven filmou a cruzada de pernas mais excepcional de todos os tempos no cinema em Instinto Selvagem, com a estonteante Sharon Stone – que recebeu indicação de Melhor Atriz no Globo de Ouro e no MTV Movie Awards. Contava a história de um policial que se torna amante da principal suspeita de um crime.

Framboesa de Ouro

Porém, em 1995, faz Showgirls, uma espécie de soft-porn protagonizado pela péssima Elizabeth Berkley, que foi mal nos cinemas, mas em home-video faturou mais de 100 milhões de dólares. Com o tempo, saiu da categoria ‘filme ruim’ para ‘cult’, sendo que até uma continuação, lançada diretamente para home-vídeo foi feita. O diretor foi o primeiro a buscar, pessoalmente, o prêmio de pior diretor no Framboesa de Ouro.

Dois anos depois, adapta o livro de Robert Heinlein, causando certo desconforto em muitos espectadores, tamanha violência encontrada em Tropas Estelares. Até o momento, havia sido o filme de maior orçamento da carreira do holandês, 105 milhões de dólares. Chamou Casper Van Dien para lutar contra criaturas bizarras – há uma inversão de valores incrível, onde o vilão são os seres humanos, que invadem o planeta alheio com uma desculpa sem cabimento.

Teve seu nome envolvido na produção da animação de Roughnecks – Starship Troopers Chronicles (exibida por aqui pela Rede Globo, durando 37 episódios).

Os anos 2000 para o diretor

O Homem sem Sombra (2000) era outra ficção científica que viria e traria diversos questionamentos sobre a psique humana. Os espectadores não entenderam e o filme fracassou nas bilheterias. Contudo, vale a pena uma conferida, sem contar que a cena em que um gorila desaparece pela primeira vez te deixará boquiaberto. Recebeu indicações a diversos prêmios, mas ficou por isso mesmo.

Seis anos depois, produziu a sequencia O Homem sem Sombra 2, que contava com Christian Slater como protagonistas. Além disso, ainda voltou para seu país e dirigiu, roteirizou e produziu o drama de guerra A Espiã, que não teve grande repercussão por aqui.

Com apenas 55 minutos, Traição (2012) não é um projeto tão conhecido do diretor. Contudo, todas as nuances dramáticas estão lá. Verhoeven dirige e roteiriza e tem Robert de Hoog, Peter Blok e Sallie Harmsen como trio principal.

Quatro anos depois, Isabelle Huppert dá tudo de si em Ela. Este drama pesado que fala sobre uma mulher de negócios bem-sucedida que entra em um jogo perigoso quando decide acompanhar o homem que a estuprou, recebeu indicações e premiações ao redor do mundo.

Presente e futuro

Então, é fato dizer que Verhoeven entende do riscado e tira atuações primorosas de seu elenco. Por fim, em 2021, ele choca novamente os espectadores que não estão acostumados com sua filmografia e nos trás Benedetta.

Aqui temos uma história real de uma freira do século XVII na Itália que tem visões religiosas e eróticas perturbadoras. Ela é assistida por uma companheira e a relação entre as duas mulheres se desenvolve em uma história de amor romântica.

Provocativo, com excelente crítica as doutrinas e preceitos da igreja e atuações espetaculares de Virginie Efira e Daphné Patakia.

Agora, o diretor voltou para a Holanda e está em fase de produção de um filme chamado Het geheim van een goed huwelijk. Além disso, desenvolve um projeto norte-americano chamado Young Sinner, sobre um jovem funcionário de Washington que trabalha para um poderoso senador. Agora, se vê dentro de uma rede de intrigas e perigos internacionais.

Vida longa a Paul Verhoeven!

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