
Seria fácil produzir alguns blockbusters e faturar milhões dali em diante, mas ele escolheu ir para outra difícil adaptação. ‘Ensaio sobre a Cegueira’ (baseado no livro escrito por José Saramago), fala sobre uma epidemia contagiosa que assola várias pessoas. Há inúmeras camadas e visões no contexto geral, cita racismo, incapacidade governamental, despreparo da sociedade atual para algo desconhecido, percepção sobre a nossa fragilidade em relação ao mundo, tudo colocado acertadamente nos 120 minutos aproximadamente. Ponto positivo vai para a fotografia esbranquiçada, provando quão inovadoras e precisas são as câmeras do diretor.
Juliane Moore (‘Evolução’) recupera o fôlego na carreira, dando ritmo dinâmico numa personagem que poderia cair naquele melodrama boboca. Já Mark Ruffalo (‘Zodíaco’) e Danny Glover (‘Jogos Mortais’) começam tímidos, mas crescem no desfecho, Gael Garcia Bernal (‘Babel’) é competente até a medula e Alice Braga (‘Cidade Baixa’) reafirma a condição de ótima atriz.
Num país lotado de diversas racial, povos e credos, ‘Ensaio sobre a Cegueira’ desfere um soco no estômago e abre nossos olhos para as tais “enfermidades sociais”. Saí do cinema praticamente renovado. A única coisa estranha é que alguns críticos não assistiram a mesma obra que eu, ou então, a “cegueira branca” tenha afetado suas visões, algo nitidamente preocupante.
NOTA: 9,0
ORÇAMENTO: 25 Milhões de Dólares