Paul Verhoeven é um diretor que não mede esforços para impactar o público e já fez isso inúmeras vezes em sua carreira. Seja nas ficções científicas Robocop, O Vingador do Futuro, Tropas Estelares e O Homem sem Sombra, ou na pornografia trash de Showgirls ou na pornografia sedutora de Instinto Selvagem. Então, se em A Espiã ele não fez um trabalho tão singular como poderia, acreditem, o bom e velho Verhoeven que conhecemos está de volta em Elle, onde entrega um misto de drama e suspense tão fortemente roteirizados que incomoda desde a primeira (o estupro é filmado de maneira cruel) até a última cena.
O projeto ainda toca em temas recorrentes nos dias de hoje e além de termos o estupro como pano de fundo, há o machismo exacerbado em certos nichos profissionais. São nestes pontos que Michele Leblanc, interpretada com louvor pela futura indicada ao Oscar Isabelle Huppert (se não a indicarem será uma heresia), transforma-se na melhor personagem feminina de 2016.
O jantar em família, onde vemos o abismo criado entre ela e seus entes, deixará o espectador com os nervos à flor da pele. Ao mesmo tempo, sua total indiferença com todas as suas relações, provam que a própria Michele não aceita ser vitimizada.
Portanto, com detalhes sutis entre cores escuras e claras e a utilização pouco interessante de certos coadjuvantes, Elle tem um balanço positivo e prova porquê Verhoeven e Huppert são grandes profissionais de suas gerações.
Sinopse de Elle:
Michele chefia uma empresa de videogames com mão de ferro, sendo extremamente organizada e metódica. Ela é atacada dentro da sua casa e tenta não ficar abalada com o episódio. Mas o problema é que o agressor não desistiu dela e ainda a deseja.
Título Original: Elle
Ano Lançamento: 2016 (Alemanha/Bélgica/França)
Dir: Paul Verhoeven
Elenco: Isabelle Huppert, Laurent Lafitte, Anne Consigny, Charles Berling, Virginie Efira
ORÇAMENTO: —
NOTA: 8,0
Por Éder de Oliveira