Dubladores Entrevistas

Dubladores | Dubladora de Major, de A Vigilante do Amanhã

Fernanda Bullara

Fernanda Bullara, que já emprestou a voz para Tomoe de Sakura Card Captors e Ino Yamanaka de Naruto e mais recentemente para Major, protagonista do filme A Vigilante do Amanhã e vivida por Scarlett Johansson, conversou conosco sobre este e outros projetos. Nos contou que “não conhecia o animê” e só ficou sabendo que existia outra versão quando foi fazer o teste.

Segue a entrevista na íntegra logo abaixo. Então, divirta-se!

Cinema e Pipoca: É muito difícil entrar no ramo da dublagem?
Fernanda Bullara: A questão não é ser difícil, mas sim ser qualificado, como ocorre em qualquer outra profissão. Muita gente não sabe, mas para ser dublador é necessário ter DRT (Documento de Registro Técnico) de ator ou atriz na carteira de trabalho. O interessante depois é procurar uma escola de dublagem para conhecer como é a dinâmica dentro do estúdio, pois ao fazer o curso, o profissional já terá uma base de como tudo funciona.

Chegando no estúdio, a primeira coisa que irão perguntar é sobre o DRT. Faz um cadastro e ainda pode-se encontrar estúdios darão a oportunidade de assistir outros dubladores. Por fim, poderão agendar um teste de voz e assim vai indo. No início serão apenas participações pequenas, mas com o passar do tempo e a dedicação, terá toda a possibilidade de conseguir uma estabilidade

CP: Como foi dublar Major em ‘A Vigilante do Amanhã’?
Fernanda Bullara: Fiz o teste e fiquei na expectativa para saber se iriam me escolher, pois parecia ser um projeto muito legal. Dublar a personagem foi bem difícil, porque é a cabeça de uma pessoa no corpo de um robô e ela própria não sabe o que é. Por isso tive que usar um tom mais baixo e grave, e é neste ponto que o diretor é muito importante, pois vai te guiando para deixa-lo o mais próximo possível do original. 

CP: Quanto tempo duraram as dublagens? E como é sua preparação para entender qual o tom de voz utilizar?
Fernanda Bullara: Foram por volta de 8 a 10 horas de estúdio e não há uma preparação antecipada. Quando chego no estúdio, já tenho todo o perfil da personagem para fazer o teste. Depois de aprovado, revemos para relembrarmos o tom de voz e etc., sempre com o diretor guiando tudo.

CP: Quais as principais diferenças em dublar uma animação e um filme com atores reais?
Fernanda Bullara: As animações tem “aquelas boquinhas” que não são muito reais, não tem movimentação como a nossa, então não tem a preocupação de fazer as sílabas ficaram parecidas, mas você brinca e faz vozes bem diferentes dependendo do projeto. Ao dublar atores reais, tudo precisa combinar mais, por exemplo, ter a preocupação de ver se a última palavra termina com a letra ‘O’ e achar uma similar para ter esta aproximação, e a interpretação e expressões faciais também precisam ser parecidas.

CP: Você dublou também a Tomoe de Sakura Card Captors e a Ino Yamanaka de Naruto nos animes e nos games fez Lara Croft e Kitana. Quais destes dois nichos tem os fãs mais apaixonados?
Fernanda Bullara: Acho que ainda continuam sendo os fãs de animês os mais apaixonados e interessados pelo trabalho, apesar de, ultimamente, os games terem crescido bastante. Mas quando vou para eventos, essa galera se junta e acabamos falando de tudo. É ótimo ver o carinho que eles sempre tiveram por nós.

CP: O que acha de personalidades famosas (como foi o caso de Pitty em Mortal Kombat) e que não tem a devida experiência, dublarem determinados produtos. Isso não prejudica a qualidade num contexto geral?
Fernanda Bullara É uma questão complicada, porque eu entendo todas as partes. O cliente quer colocar alguém famoso por conta da visibilidade, mas ao mesmo tempo tem tudo aquilo que expliquei anteriormente, ou seja, temos regras, como ser ator profissional. E então, às vezes aparece um cantor que não tem a mínima noção e faz um trabalho que não fica bom, mas a culpa é do cliente que escolheu. O próprio Mortal Kombat colocou a frase “Vou equalizar a tua cara”, por achar que ficaria engraçado, mas os fãs odiaram.

Nós estamos batalhando diariamente e quando chega um projeto legal, colocam outra pessoa no nosso lugar. O que faríamos em duas horas de estúdio, eles fazem em dez, porque não sabem como funciona a dublagem e o resultado deixa a desejar, sem contar os cachês que são sempre exorbitantes. Eu não sou a favor.

CP: Para quem quer começar na dublagem, qual é a dica fundamental?
Fernanda Bullara: Se dedique bastante e estude, pois se antigamente muitos atores se transformavam em dubladores, hoje em dia, muitas pessoas entram para o teatro, por exemplo, com o intuito de, futuramente, se transformarem em dubladores. Além disso, tem que ter boa dicção, saber falar direitinho para que todos possam entender o que você fala. Por último, tomem cuidado com inúmeros cursos de dublagem que tem por todo Brasil, pois muitos não comunicam ao aluno que será necessário ter o DRT para entrar no ramo. Não existe curso de dublagem que dê o DRT ou o certificado de ator.

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