Curta-metragem Rixa: a normalização da violência no futebol

Curta-metragem Rixa

No curta-metragem Rixa, exibido no 1º Curta Cine Sumaré e dirigido por FeGus, a paixão pelo futebol se transforma em um terreno fértil para a violência cotidiana. O curta-metragem se destaca por retratar uma faceta incômoda da cultura de torcidas organizadas: a normalização da agressividade fora dos estádios. Mais do que denunciar atos isolados de violência entre rivais, Rixa escancara como qualquer pessoa – o vizinho, o amigo, o irmão – pode se escorar neste suposto amor ao clube para, na verdade, gerar este impulso deliberado.

FeGus opta por uma abordagem que foge do sensacionalismo. Ao invés de glamourizar a briga de torcida, ele expõe sua banalidade. A narrativa gira em torno de um torcedor comum, vivido com intensidade e naturalidade por Lucas Afonso. Sua atuação é o alicerce do curta: o personagem é crível, próximo do espectador, e talvez justamente por isso, tão perturbador. Ele não é um vilão. É um homem comum, trabalhador e que cuida da mãe.

E é por meio desses áudios de WhatsApp que boa parte da trama se desenrola. Essa decisão de usar as mensagens de voz para apresentar conversas entre os torcedores acrescenta uma camada de autenticidade, porém, sua repetição compromete um pouco o ritmo da narrativa.

Curta-metragem Rixa
Curta-metragem Rixa

Fotografia espetacular do curta-metragem Rixa

Já a fotografia de Biel Ribeiro e Marinho Monteiro merece menção especial, principalmente numa sequência específica onde torcedores correm em desespero de um canto ao outro, levando o especatdor para uma espécie de campo de guerra. A câmera nervosa, porém precisa, capta com perfeição a adrenalina do momento, o medo, o caos e a confusão que se instalam. O espectador é jogado para dentro do furacão, como se estivesse ele mesmo tentando escapar dos conflitos.

Outro mérito do curta está na encenação de uma partida de futebol. Sabemos o quanto é difícil de reproduzir com verdade este esporte nos cinemas, mas a câmera não é invasiva e, portanto, os movimentos, a interação entre os jogadores e os planos escolhidos contribuem para uma experiência orgânica.

Sem julgamentos simplistas

A direção de FeGus é sensível o suficiente para evitar julgamentos morais simplistas. Não há uma tentativa de demonizar a figura do torcedor. Do ponto de vista estrutural, o curta-metragem Rixa se equilibra bem entre o drama individual do protagonista e os movimentos coletivos que o cercam.

Este é, acima de tudo, um projeto necessário. Aborda a violência fora dos estádios com crueza e sem filtros, traz um breve momento onde a imprensa fala sobre o caso, mas sabemos que logo esquecerá (até a próxima briga) e também grita com todas as forças que podemos torcer sem querer tirar a vida do outro.

Se tiver a chance de assistir, vá. Sem medo. Mas vá preparado para pensar e ser impactado.

Onde assistir ao curta-metragem Rixa

  • Por enquanto, o filme segue apenas sendo exibidos em festivais pelo Brasil e pelo mundo.

Sinopse do curta-metragem Rixa

Rafael é apaixonado por futebol. Após um jogo, ele se envolve em uma briga de torcidas que fere gravemente uma jovem. Enquanto lida com a pressão do grupo de torcedores, ele se vê confrontado pela culpa e pelas consequências de seus atos.

Nota: ★★★★

Título Original: Rixa
Ano Lançamento: 2024
Dir.: FeGus
Elenco: Lucas Afonso

Primeiro vingador do Cinema e Séries (antigo Cinema e Pipoca) e do Pipocast, sou formado em Jornalismo e também em Locução. Aprendi a ser ‘nerdzinho’ bem moleque, quando não perdia um episódio de Cavaleiros do Zodíaco na TV Manchete ou os clássicos oitentistas na Sessão da Tarde. Além disso, moldei meu caráter não só com os ensinamentos dos pais, mas também com os astros e estrelas da Sétima Arte que me fizeram sonhar, imaginar e crescer. Também sou Redator Freelancer.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

GeraLinks - Agregador de linksTrends Tops - Trending topicsÀ toa na net