Blaxploitation – A Rainha Negra é um curta metragem dirigido por Edem Ortegal e estrelado por Mariana Nunes, Mari Peixoto, Antônio Zayek, Liomar Veloso e Norval Berbari e conta a história da policial Eva Brown e sua namorada Juliana, nerd e cinéfila, descobrem que um poderoso “coronel” do estado está envolvido em um crime que pode destruir sua carreira. Após caírem no primeiro round da luta, as meninas mais malvadas da cidade voltam para provar que a vingança é tão doce como jujubas e tão divertida e explosiva quanto o cinema de ação.
Confira a entrevista com o diretor logo abaixo.
Cinema e Pipoca: Fale um pouco sobre sua carreira, até chegar em Blaxploitation – A Rainha Negra.
Edem Ortegal: Bom. Sempre fui muito apaixonado por cinema e histórias em quadrinhos. Desde criança. Com um tempo percebi que essas artes seriam minha formação profissional. Graduei-me em audiovisual e foquei meus estudos nas áreas de roteiro e direção. O curta Blaxploitation – A Rainha Negra (2014) fez parte do meu TCC de 2012, um trabalho sobre a construção de um roteiro, o gênero blaxploitation e o projeto de um curta-metragem. Após terminar de filmar em 2013, lançamos o filme em 2014 e iniciamos a carreira dele nos festivais.
CP: Quais foram os filmes deste gênero, que foi tão forte nas décadas de 60 e 70, que inspiraram seu roteiro?
EO: Sem dúvidas “Shaft” (1971) e “Coffy” (1973) foram as principais inspirações para esse curta. Os heróis desses filmes estavam numa jornada de vingança e ou investigação bem parecidas com a da Eva Brown, a rainha do curta. Basicamente todos são anti-heróis contra um sistema político e policial corrompido. A partir desse contexto, eles agem seguindo suas próprias regras e julgamentos pessoais.
CP: Por que o gênero não é mais tão explorado como antes? Acha que pode ganhar alguma sobrevida?
EO: Os filmes perderam o fôlego – da mesma forma que os filmes de ação oitentistas (Stallone, Schwarzenegger, entre outros) – e também enfrentaram a concorrência dos blockbusters que começaram a surgir e dominar os cinemas a partir de Tubarão (1975). Há também o despreparo da indústria (não só a de Hollywood) em não oferecer bons personagens para atores negros (e latinos ou asiáticos, por exemplo) da mesma forma que são oferecidos para atores brancos.
Acredito que o gênero pode sim ganhar uma sobrevida, mas primeiro essas questões raciais precisam ser respeitadas e bem resolvidas. Tanto no mundo do cinema, quanto no dia a dia de cada um desse mundo. Não pode mais existir espaço para qualquer tipo de desigualdade.
CP: Como foi o processo de escolha do elenco?
EO: Começamos o elenco com a procura da heroína principal, a Eva Brown. Após assistir Febre do Rato (2011), do Cláudio Assis, tive a certeza que a Mariana Nunes seria a Eva Brown perfeita. Percebi que ela reunia a sensibilidade e agressividade da justiceira. Após essa escolha, passamos a procurar a intérprete da Jujuba e encontramos a Mari Peixoto, atriz e cantora goiana. Elas foram maravilhosas demais e foi tudo muito divertido e insano! As características presentes nelas foram exatas com o que imaginava para os perfis das personagens. Após as duas, fechamos todo o elenco de personagens secundários, o vilão e o elenco de apoio.
CP: Onde foram feitas as filmagens e quanto tempo durou este processo?
EO: O filme foi rodado em Goiânia e seus arredores. A parte live-action do filme foi produzida em cinco diárias. A parte do motion comics foi desenhada e finalizada em três meses, pelo Camaleão Caricaturas e, logo depois, recebeu alguns efeitos de animação pelo pessoal da Mandra Filmes – produtora goiana de animação.
CP: Futuramente, Blaxploitation – A Rainha Negra pode virar um longa?
EO: Um longa-metragem exclusivamente sobre as personagens eu ainda não tenho certeza. Mas sem dúvidas as duas heroínas voltarão em uma graphic novel (com outra aventura) e também poderão fazer participações especiais em algum outro curta ou longa – sobre outro herói, mas que esteja dentro do mesmo universo da trama do curta.
Gosto bastante da força e representatividade da personagem Eva Brown e quero voltar à vida dela com novas histórias e questionamentos sobre o Brasil.
CP: Tem outros projetos engatilhados para um futuro próximo? Se sim, poderia nos falar um pouco sobre eles?
EO: Agora estou no início da pré-produção de dois novos curtas-metragens: um drama sobre infância e liberdade o “Marias” (2017) e uma ficção-científica de terror sobre depressão e maternidade, “Nemezys” (2018). Trabalho também no roteiro do meu primeiro longa-metragem. Para quem quiser acompanhar as fases desses novas curtas, é só assinar a página Spaceman Entretenimento no facebook. Obrigado pelo convite. Abraço.