O lançamento da Bienal SESC de Dança 2019, evento que será realizado em Campinas entre os dias 12 e 22 de setembro, foi marcado por fortes discursos contra a atual política federal de cultura. Em sua fala, o diretor regional do SESC-SP, Danilo Santos de Miranda, criticou o que ele chamou de “visões perigosas e obscurantistas”.
“Esse evento é e sempre será importante, em especial em um momento como o nosso, em que as coisas ligadas à arte e ao abstrato em geral, aquilo que faz pensar e refletir, estão sendo alvo de certas visões inadequadas, obscurantistas e perigosas”, comentou.
O pedido de exoneração do então secretário nacional de Cultura, Henrique Pires, que alegou não concordar com os atos de censura impostos pelo governo Jair Bolsonaro, também foi lembrado por Miranda com preocupação.
“Até ontem (21), havia alguém no governo com alguma perspectiva de entendimento da área cultural e artística, que saiu (do governo) com acusações sérias de censura. Há ameaças efetivas. Apesar delas, porém, acredito que a arte e a visão humanitária prevalecerá. O momento atual é obscuro, mas eu sou um otimista. Sobreviveremos, ainda que com feridas”, finalizou sob aplausos.
Na sequência, o pró-reitor de extensão e Cultura da Unicamp, Fernando Hashimoto, e o secretário de Cultura de Campinas, Ney Carrasco, também corroboraram sua fala.
“Eventos como esse, realizados com o apoio de diversos artistas e entidades, provam que a união do setor deve ser a resposta nesses momentos de grande ataque à cultura”, frisou Hashimoto.
“Devemos, sim, resistir em um momento como esse, mas também saber criar novas saídas a nossa arte e a expressão humana livre. Que possamos esperar esse tempo, porque os governos passam, mas a arte sobrevive”, finalizou Carrasco.
Programação da Bienal SESC de Dança 2019
O evento, com parte da programação gratuita, acontecerá entre os dias 12 e 22 de setembro em diversos espaços da cidade de Campinas, incluindo teatros, espaços culturais e áreas públicas. A Bienal deste ano contará com a participação de grupos de dança contemporânea de um total de 12 países, onde público e artistas de diferentes nacionalidades poderão trocar conhecimentos e experiências na área artística. Além disso, haverá debates, oficinas, exibições de materiais audiovisuais e lançamentos de livros.
Os espetáculos trazem temas que abordam a invisibilização de corpos marginalizados. As criações também se arriscam a propor novas possibilidades de ocupar os espaços públicos e de enxergar o mundo e o outro por meio de experiências e convidam para outras formas de sentir, pensar e agir. A passagem do tempo, a memória, o futuro e a liberdade também têm espaço nas obras.
Para conferir a programação completa da Bienal SESC de Dança 2019, acesse o site do SESC.
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