Críticas

Bagdad Café fala direto à nossa alma

bagdad cafe

Numa época muito triste em que vivemos, onde pessoas agridem umas às outras pelas redes sociais ou nas ruas, por motivos raciais, pela sua condição sexual, pelo fato de ser pobre ou rico, enfim, todas as formas desagradáveis de ofensas que nos gente parar, por alguns segundos e refletir: O que está acontecendo com a gente? O que está acontecendo com a humanidade? Com a sociedade? Bem, não saberemos ao certo as respostas e se um dia estas perguntas tiverem, o mundo estará um tanto melhor para se viver. O filme Bagdad Café, dirigido pelo alemão Percy Adlon, fala direto à nossa alma. Surge como um oásis no meio do deserto, que se tornou a nossa vida moderna. O filme aborda como podemos viver, conviver e aprender com as nossas diferenças. Assim é Bagdad Café; simples, tocante onde o diretor não erra a mão e dá o tom certo a uma história cativante e envolvente.

Num lugar perdido entre Las Vegas e a Disneylândia, existe uma lanchonete que também é uma hospedaria e lá, a vida se desenrola de forma inesperada, descompromissada e, ao mesmo tempo, interessante. Os personagens são simpáticos e acima de tudo, humanos. A obra é uma celebração à amizade.

No elenco desta charmosa história estão CCH Pounder, Marianne Sägebrecht e Jack Palance – que está ótimo. Os três atores se vestem dos personagens centrais e conduz a história de forma fluente e com naturalidade espantosa, como se fossemos hóspedes ou apenas visitantes daquele desolado lugar. Lógico que há outros personagens fundamentais como Dabby (Christine Kaufmann), uma misteriosa mulher que faz tatuagens, sua filha Phyllis que quer um lugar ao sol e o filho Salomão que adora piano e toca divinamente a ponto de seduzir a todos. Ou seja, todos que passam pelo local, levam consigo uma experiência de vida e um pouco de magia.

Depois de brigar com o marido, Jasmim (Marianne Sägebrecht) sai arrastando sua mala pela estrada – que por acidente troca sua mala pela do marido e vai parar num lugar chamado Bagdad Café. Lá encontra Brenda (CCH Pounder), uma mulher à beira de um ataque de nervos com a família e com a própria vida que leva. O lugar está um desleixo, sujo e desorganizado – como a própria vida de Brenda. Com a chegada de Jasmim, as coisas começam a mudar.

Aos poucos, Jasmim vai conquistando Brenda e transformando o Café e a todos ao seu redor com truques de mágicas e com sua aparência cativante. Entre Brenda e Jasmim, duas mulheres totalmente diferentes, de mundos opostos, começam uma linda e forte amizade. Mesmo com suas desigualdades e costumes tão distintos, elas conseguem vencer as barreiras que as separam e viver de forma leve e tranquila. Ao passo que a vida de Brenda e seu negócio começam a mudar, a vida de Jasmim começa a se transformar – isto porque Rudy Cox (Jack Palance) um ex-pintor de painéis de filmes de Hollywood, começa a fazer seus retratos; são imagens de dar inveja ao renomado pintor Colombiano Fernando Botero.

Há uma uma atmosfera quente e árida atraves da fotografia, são belas paisagem do deserto americano de Mojave, onde podemos ver caminhões passando nas rodovias e linhas ferroviárias e mesmo assim, os personagens parecem viver isolados do mundo, parecendo que estão numa espécie de paraíso em meio a tanta turbulência e efervescência da vida. Parecem crianças brincando no quintal de casa.

A bela música original “Calling You” interpretada por Jevetta Steele foi indicada ao Oscar.

Em Bagdad Café é assim: um ponto de encontro de pessoas ou uma parada de caminhões. Brenda e Jasmim percebem que nada é tão trágico porque tudo pode ser mágico. Às vezes, o que a vida precisa é simplesmente de magia.

O projeto é a prova que não precisa gastar fortunas astronômicas em produções ou efeitos especiais mirabolantes para fazer uma obra prima. O filme levanta o ânimo e nos faz sentir bem. Bagdad Café pode ser um lugar onde queremos estar; um lugar real e mágico.

Por Wilson Roque Basso

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