Filmes como ‘Fome Animal’, ‘A Morte do Demônio’ e até mesmo ‘Encarnação do Demônio’ sempre me atraíram e por isso ‘A Mosca’ foi um programaço para meu fim de tarde. O roteiro tem tudo que o fã do sub-gênero gosta, ou seja, o cientista nerd com sinais de loucura (sua experiência apenas aflora essa característica), muita nojeira, gosmas e salivas ácidas, transformações absurdas e uma violência quase irresponsável do diretor.
Mas em certos pontos o longa envelheceu mal, além das passagens mal resolvidas (o lance do repórter inescrupuloso está defasado e a seqüência de Seth Brundle tendo a ideia da solução para o problema do teletransporte é jogada ao público de forma rápida demais), sem contar John Getz, péssimo na sua interpretação, diferentemente do canastrão e aterrorizante Jeff Goldblum (‘Godzilla’).
Ao contrário do que pode parecer, existe a questão que David Cronenberg (‘Senhores do Crime’) usou metaforicamente a transformação psicológica do indivíduo. pois o cara tinha tudo e vai se afundando cada vez mais em atitudes incertas. Vemos inicialmente a mutação de forma sutil, para depois se tornar gradativa e rápida.
O cientista Seth Brundle cria uma máquina de teletransporte, mas sua experiência só dá certo com objetos inanimados. Num momento de inspiração, monta a fórmula correta e vai testá-la num macaco e dá certo. Na hora em que faz o experimento nele mesmo, uma mosca entra na cabine e seu gene, misturado com a do inseto, culmina numa fusão apavorante.
O desfecho é ultra-trash e a maquiagem asquerosa, assim como o fato dele guardar dentes, orelhas e todas as partes do seu corpo que se desprenderam num armário, criando uma espécie de museu, para lembrá-lo do ser humano que um dia foi. Nesta mescla de gêneros e situações, Cronenberg encontra o timming ideal para ser gore e crítico, tomando um rumo que deixa o espectador com um sorriso maroto ao subirem os créditos.
Título Original: The Fly
Ano Lançamento: 1986 (EUA)
Dir: David Cronenberg
Elenco: Jeff Goldblum, Geena Davis, John Getz, Joy Boushel, Leslie Carlson, George Chuvalo, David Cronenberg
ORÇAMENTO: 15 Milhões de Dólares