
Quando Zach Cregger nos apresentou Noites Brutais, senti que tinha um diretor talentoso, mas que o projeto era um tanto descompassado, como se fosse dois filmes em um. Por isso, minha expectativa com A Hora do Mal era grande e tentei, na medida do possível, ver pouco material promocional. O resultado? Uma das melhores obras de terror deste ano, ao lado de Pecadores (que é tão inventivo quanto) e Extermínio – A Evolução (que conseguiu ampliar a linguagem dentro daquele universo de infectados).
No elenco, Julia Garner, Josh Brolin, Benedict Wong, Austin Abrams, Alden Ehrenreich e Cary Christopher se completam entre si e, ao longo dos 128 minutos – talvez o corte seja um pouco mais longo que o ideal. Todas as dores, medos, traumas e anseios deles são tratados com delicadeza e a montagem, onde temos a mesma história sendo contada pela ótica dos personagens, conhecida no cinema como “efeito Rashomon”, só amplifica isso.
E não é só isso, já que, nas entrelinhas, notaremos mensagens claras referentes a como a sociedade lida com pessoas à margem da sociedade, como o bullying é uma extensão disso e como devemos criar nossos filhos, sem tirar a liberdade dele e não gerar traumas futuros.
Outra coisa que Cregger faz de forma exemplar é manipular as situações sem o uso de jumpscares. Em vários segmentos, principalmente dentro das casas, acreditei que um gato sairia do armário berrando, só para criar sustos fáceis… mas ele se distancia disso. Aliás, vai além, fazendo uso de sacadas cômicas para desarmar o público.
A Hora do Mal e a apresentação de uma nova personagem
Lá pelas tantas, uma nova – e inesquecível – personagem surge. É fato que há um rompimento entre os dois primeiros atos e o último, contudo, esse roteiro parece nos preparar para que aquilo ocorra. Mesmo assim, temos pequenas facilitações e um modo pouco coerente da polícia e da própria população lidar com aquela mulher que é suspeita do desaparecimento – no mundo real ela jamais conseguiria sair na rua.
Isso impacta na somatória final? Quase nada. Pois o que fica, após os créditos finais subirem, são flashes das crianças correndo de forma estranha, da câmera lenta, no melhor sentido da palavra, que contempla a escuridão e o bizarro de uma forma pouco vista no cinemão norte-americano e aquele desfecho, que poderia colocar tudo a perder, mas não o faz. A Hora do Mal merece todo esse hype e a expectativa para conferir o próximo projeto de Zach Cregger é enorme.
Onde assistir A Hora do Mal
O filme está disponível em todas as redes de cinema do Brasil
Sinopse de A Hora do Mal
Em certa noite, às 2:17 da madrugada, 17 estudantes do ensino médio desaparecem misteriosamente em uma pequena cidade. A principal suspeita é a professora e, com isso, um pai desesperado começa a investigar o que pode ter acontecido e a polícia parece perdida, pois há poucas pistas para serem seguidas.
Nota: ★★★★
Título Original: Weapons
Ano Lançamento: 2025
Dir.: Zach Cregger
Elenco: Julia Garner, Josh Brolin, Alden Ehrenreich, Amy Madigan, Benedict Wong, Austin Abrams, Cary Christopher, Toby Huss
Curiosidades de A Hora do Mal
- Diversos cinemas programaram exibições às 2:17, o mesmo horário em que as crianças desaparecem em A Hora do Mal.
- O horário do desaparecimento remete a Mateus 2:17, trecho da Bíblia que narra o massacre dos inocentes — a matança de crianças por Herodes.
- A New Line venceu uma disputa com Universal, Netflix e Sony, oferecendo uma proposta milionária e garantia de estreia de A Hora do Mal nos cinemas.
- Julia Garner entrou no projeto após Pedro Pascal deixar o elenco por conflitos de agenda com Quarteto Fantástico.
- Inicialmente previsto para janeiro de 2026, A Hora do Mal foi antecipado para 8 de agosto de 2025 após ótimas reações em testes.
- A corrida das crianças foi inspirada na icônica imagem da Menina do Napalm, símbolo da Guerra do Vietnã.
- Rooney Mara e Elizabeth Olsen foram cotadas para o papel principal, mas recusaram a proposta.
- Nos dias mais movimentados das gravações, havia mais de 170 crianças.
- Jordan Peele queria produzir o filme, mas a Universal recuou por questões orçamentárias.
- O diretor Zach Cregger cortou cenas que considerava engraçadas, mas que não funcionaram em sessões-teste.
- A escola vista em A Hora do Mal é a verdadeira Brockett Elementary, localizada na cidade de Tucker, Geórgia.
- O acordo com a New Line garantiu a Zach Cregger o controle final do filme e um pagamento milionário — comparado a contratos de M. Night Shyamalan.
- Cregger revelou que escreveu o filme sem um roteiro fechado, deixando a história “se revelar sozinha”.
- O diretor de arte criou a cidade fictícia com base em pequenas comunidades do leste dos EUA, buscando um visual 100% crível.
- Cregger se inspirou no filme Magnólia para criar uma narrativa épica e emocional dentro do gênero de horror.
- A cena em que as crianças saem de casa é embalada por “Beware of Darkness”, de George Harrison — um título simbólico para o filme.
- Justin Long e Sara Paxton, que estiveram juntos em Noites Brutais, voltam a contracenar, agora como casal e pais de uma das crianças desaparecidas.
- Josh Brolin, Benedict Wong e Julia Garner, todos presentes no elenco, já participaram do Universo Marvel.
- O orçamento de A Hora do Mal foi de US$ 38 milhões.








