Antes de qualquer comentário a respeito do filme, devo deixar claro que caso você goste daqueles terrores que chegam nos multiplex dos shoppings, com seus roteiros formulaicos e manjados, passe longe de A Bruxa, pois com certeza este não é um projeto para você. Caso contrário, prepare-se para se deliciar.
Digo isso porque a narrativa inserida pelo diretor e roteirista Roger Eggers (fiquem de olho nele), principalmente nos dois primeiros atos, apenas sugere elementos e insere pequenas sacadas aqui e ali. Já a trilha sonora e a ambientação, assim como o figurino, são de encher os olhos, provando que houve um estudo aprofundado sobre os costumes da época.
Anya Taylor-Joy, que não havia feito nada digno de nota antes, dosa sua personagem com momentos de pura doçura, mas também com diálogos duros (mesmo que, por vezes, chatos e arrastados), principalmente em seu relacionamento com a mãe, vivida por Kate Dickie (Prometheus). Já os outros atores do elenco, com destaque para Ralph Ineson e sua voz gutural e Harvey Scrimshaw, são tão notórios quanto elas.
Há uma alfinetada, mesmo que mínima, em relação às crenças religiosas, até porque, ao buscar explicações dentro das orações, todos acabam tentando levar a sua própria verdade para dentro da casa e se fechando para o mundo externo. Outro adendo é o de que Eggers não está preocupado em responder todas as questões impostas nos 90 minutos de projeção e isso deixa A Bruxa ainda melhor e mais assustador – não se sabe como o bode, símbolo pagão, apareceu para eles ou o que aconteceu com o bebê.
Por fim, além das óbvias referências aos irmãos Grimm, com casebres dentro de florestas e maçãs ‘envenenadas’, o terceiro ato chega com um ápice mais movimentado, porém, tão corrido e pouco imaginativo que fiquei tentando buscar na mente a tensão de minutos atrás. A Bruxa pode não ser a obra mais assustadora de todos os tempos como foi vendido por aí, mas cumpre seu papel, num filão completamente desgastado e cheio de ideias pueris.
Título Original:The Witch
Ano Lançamento: 2015 (Estados Unidos/Canadá/Reino Unido/Brasil)
Dir: Robert Eggers
Elenco: Anya Taylor-Joy, Ralph Ineson, Kate Dickie, Harvey Scrimshaw, Ellie Grainger, Lucas Dawson
ORÇAMENTO: 3,5 Milhões de Dólares
NOTA: 7,5
Por Éder de Oliveira