Críticas
Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio | Resenha | Vale a pena assistir?

Após o estrondoso sucesso de Invocação do Mal (2013) e sua excelente sequência em 2016, a franquia firmou-se como um dos pilares do terror moderno. Entre acertos pontuais (citados acima) e tropeços evidentes (A Freira, A Maldição da Chorona), o universo conseguiu o que poucos conseguiram: unir bilheteria, reconhecimento de marca e um público fiel ao terror sobrenatural.
Chegando ao seu terceiro capítulo principal, Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio levanta uma questão inevitável: será que a essência da franquia sobreviveria sem James Wan na direção? A resposta, infelizmente, não é tão animadora.
O novo comando e a perda de identidade de Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio
Michael Chaves assume o comando neste novo episódio. Desde os primeiros minutos, é visível o esforço em emular o estilo de James Wan – com planos que percorrem os ambientes de maneira suave, câmeras em movimento contínuo e uma atmosfera carregada de tensão. Mas a tentativa soa mais como uma imitação do que como uma continuação criativa.
A fórmula continua ali: casa assombrada, entidade demoníaca, família em perigo e os Warrens chegando para salvar o dia… Mas premeditamos, logo nesses primeiros momentos, os pontos onde os sustos virão.
Sustos baratos e vilões esquecíveis
Um dos maiores problemas de Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio está na forma como o terror é apresentado. Enquanto os filmes anteriores nos deram figuras icônicas como Annabelle e Valak (a Freira), aqui os “fantasmas” e “entidades” são genéricos, visualmente esquecíveis e mal desenvolvidos. Os sustos, em sua maioria, vêm por meio de jump scares baratos.
A fotografia é, em muito casos, escuro — um recurso comum em filmes de baixo orçamento para mascarar efeitos visuais fracos. O que dizer, por exemplo, da cena de possessão do primeiro ato? O garoto em CGi – que não tem textura – se contorce todo e a gente fica esperando quando iremos nos empolgar.
A tentativa de se reinventar pela investigação
Um ponto que chama a atenção — ao menos conceitualmente — é a tentativa do roteiro de mudar o foco do terror de casa mal-assombrada para um caso investigativo com base em fatos reais. Inspirado no julgamento de Arne Cheyenne Johnson, que alegou estar possuído ao cometer um assassinato, segue-se, ás vezes, uma linha semelhante à de O Exorcismo de Emily Rose (2005), misturando terror com drama investigativo – onde, pontualmente, temos acertos.
A força de Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio está nos Warren — mais uma vez
Apesar dos tropeços narrativos e estéticos, Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio ainda se apoia na força carismática do casal Ed e Lorraine Warren, interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga.
Aqui, vemos um lado mais humano da dupla, especialmente Ed, que enfrenta problemas de saúde. Essa humanização dos personagens traz uma camada emocional interessante e necessária — o roteiro diz para o espectador: ‘eles não são super-heróis, apenas humanos’.
A relação dos Warren, mesmo em meio a forças malignas, ainda é o que sustenta emocionalmente o espectador. E talvez seja isso que justifique a fidelidade do público à série.
Sucesso comercial, mas sinais de desgaste
Com um orçamento estimado em US$ 39 milhões, A Ordem do Demônio faturou cerca de US$ 206 milhões no mundo todo — um ótimo resultado para os padrões do gênero. No entanto, ficou longe dos US$ 321 milhões alcançados por Invocação do Mal 2. Isso acende um alerta: será que o público está começando a se cansar da fórmula?
A resposta pode estar no quarto capítulo da saga, que está nos cinemas. Mas isso é assunto para um próximo texto.
Onde assistir Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio
- Stream: HBO Max
- Aluguel e compra: Google Play Filmes
Sinopse de Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio
Arne Cheyenne Johnson esfaqueia e mata seu senhorio, alegando estar possuído por um demônio, enquanto Ed e Lorraine Warren investigam o caso e tentam provar sua inocência.
Nota: ★★½
Título Original: The Conjuring: The Devil Made Me Do It
Ano Lançamento: 2021 (Estados Unidos)
Dir: Michael Chaves
Elenco:Patrick Wilson, Vera Farmiga, Ruairi O’Connor, Sarah Catherine Hook, Julian Hilliard, John Noble, Eugenie Bondurant, Shannon Kook
Curiosidades de Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio
1- A verdadeira Lorraine Warren faleceu de causas naturais aos 92 anos em 18 de abril de 2019. Ela foi consultora em todos os filmes da série.
2- O título original do filme seria apenas The Conjuring 3, mas foi alterado para The Devil Made Me Do It (“A Ordem do Demônio”) como referência direta ao julgamento real de Arne Cheyenne Johnson, em 1981 — o primeiro caso nos EUA em que a defesa alegou possessão demoníaca.
3- Logo no início de Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio (por volta dos 3 minutos), há uma cena em que o Padre Gordon chega de táxi. O enquadramento presta uma homenagem visual clara ao clássico O Exorcista.
4- James Wan revelou que o objetivo com Invocação do Mal 3 era sair do tradicional cenário de casas mal-assombradas.
5- Quando o Padre Kastner diz que mantém objetos demoníacos trancados “como se fossem armas“, Ed e Lorraine trocam um olhar significativo. Essa é uma referência direta à mesma frase dita por Ed no primeiro Invocação do Mal (2013), ao apresentar a sala de artefatos amaldiçoados.
6- Lorraine recebe flores que ela diz serem da “família Perron” — a mesma família ajudada pelos Warren no primeiro filme da franquia. Um pequeno easter egg para os fãs atentos.
7- Sterling Jerins reprisa seu papel como Judy Warren, filha de Ed e Lorraine. Ela apareceu nos dois primeiros filmes e retorna aqui interpretando uma Judy mais velha.
8- O verdadeiro David Glatzell, cuja suposta possessão inicia os eventos do filme, atuou como consultor junto com seu irmão Carl Glatzel Jr. (que, curiosamente, não foi retratado no longa).
9- Em uma cena por volta dos 13 minutos, é possível ver uma pequena figura de uma freira escondida entre blocos de concreto no quarto de Arne.
10- Por conta da pandemia de Covid-19, Invocação do Mal 3 foi lançado simultaneamente nos cinemas e na plataforma HBO Max em 4 de junho de 2021.
Críticas
A Longa Marcha – Caminhe ou Morra | Resenha | Vale a pena assistir?

Antes de qualquer coisa, preciso comentar que não li o livro que serve como base para A Longa Marcha – Caminhe ou Morra. Stephen King é um dos autores mais longevos e geniais das últimas décadas, criando obras primas como O Iluminado, Christine – O Carro Assassino e It – A Coisa, só para citar alguns. O interessante é que, neste caso, a produtora investiu num título de menor expressão e um elenco pouquíssimo conhecido.
Ok… Mark Hamill, o Luke Skywalker de Star Wars, está lá como o temido Major. De resto, David Jonsson (Alien – Romulus) e Cooper Hoffman (Licorine Pizza) são os destaques desta distopia dirigida por Francis Lawrence (Jogos Vorazes – A Esperança – O Final e Constantine) e dividem o protagonismo. Porém, os coadjuvantes ajudam a moldar aquele universo e aqueles personagens – destaques positivos para Bem Wang e Charlie Plummer.
A ideia é a seguinte: 50 jovens deve caminhar a um pace de, no mínimo, 4,8 km/h. Se sofrerem 4 advertências, eles morrerão. Isso abre espaço para a criação de bons diálogos e o desenvolvimento de amizades, rivalidades, traumas de vida e todos os pormenores que jovens dentro de uma sociedade desestruturada podem ter. Ao longo de 100 minutos, há certas repetições que são compreensíveis e que não atrapalha o andamento.
E é curioso que o projeto tenha saído nos cinemas justamente agora. Em nosso mundo, grandes nichos utilizam da fé alheia como desculpa para fazer todo tipo de atrocidade – desde perseguição às minorias, passando pela desestruturação da cultura como forma de ampliação de conhecimento, chegando a negativa da ciência. Isso, por si só, é louvável.
A Longa Marcha – Caminhe ou Morra e a violência crua
Com classificação indicativa para maiores de 18 anos aqui no Brasil, A Longa Marcha – Caminhe ou Morra pôde proporcionar ao espectador imagens cruas. A mixagem e edição de som na hora dos tiros, assim como os efeitos práticos das mortes, propriamente ditas, me pegaram de surpresa, até porque não tinha visto nenhum trailer antes da sessão.
E, com isso, precisamos esmiuçar mais a figura do Major. Hamill cria uma caricatura que se aproxima muito de algumas figuras conhecidas. Pense em Platoon, onde vemos jovens despreparados, que não sabem se voltarão para suas casas e, agora, crie esse universo onde esses garotos vão caminhar e, o último, poderá pedir o que bem entender. Ambos os filmes estão bem próximos – tirando as devidas proporções e A Longa Marca se refere ao futuro das próximas gerações como algo assustador e que, apesar de todas as ‘facilidades’ modernas, precisa fazer qualquer coisa para conquistar seu lugar ao sol.
Nem todos serão vilões, mas é preciso encontrar aquela ‘luz no fim do túnel’, para que esta jornada não se transforme numa cansativa rotina, rumo a lugar nenhum.
Onde assistir A Longa Marcha – Caminhe ou Morra
O filme está nos cinemas de todo Brasil.
Sinopse de A Longa Marcha – Caminhe ou Morra
Um grupo de adolescentes participa de um concurso anual conhecido como “The Long Walk”, no qual eles devem manter uma certa velocidade de caminhada ou levar um tiro.
Nota: ★★★★
Título Original: The Long Walk
Ano Lançamento: 2025 (Estados Unidos)
Dir: Francis Lawrence
Elenco: Cooper Hoffman, David Jonsson, Garrett Wareing, Tut Nyuot, Charlie Plummer, Ben Wang, Jordan Gonzalez, Joshua Odjick, Mark Hamill
Curiosidades em A Longa Marcha – Caminhe ou Morra
1- Cooper Hoffman revelou que o elenco caminhava, aproximadamente, 24 km sob o sol escaldante de Winnipeg, no Canadá.
2- Stephen King disse que não foi intencional, mas reconhece que o livro pode ser visto como uma crítica à Guerra do Vietnã.
3- Em 30 de agosto de 2025, a Lionsgate promoveu uma sessão especial onde os espectadores precisaram caminhar em esteiras a 3 mph durante toda a exibição do filme — quem parasse, era retirado da sala.
4- O elenco se reunia toda sexta-feira após as gravações para tomar sorvete na Dairy Queen, como forma de aliviar o calor intenso e a pressão física do set.
5- Hoffman revelou que sua atuação foi influenciada por sua experiência pessoal de perda, usando sua dor para trazer autenticidade ao personagem.
6- David Jonsson e outros atores evitaram interações com Mark Hamill no set de A Longa Marcha – Caminhe ou Morra para manter a separação emocional entre os personagens e o antagonista.
7- No livro, onde King usa o pseudônimo de Richard Bachman, os participantes andam a 4 mph, mas no filme isso foi ajustado para 3 mph a pedido do próprio King, que achava a velocidade original “irrealista”.
8- Mark Hamill considera o Major como seu personagem mais cruel de todos os tempos, dizendo que isso foi justamente o que o atraiu para o papel.
9- Quando soube que Cooper Hoffman preferia não conhecê-lo antes das gravações, Hamill cancelou um evento social com o elenco para respeitar o processo criativo.
10- A Longa Marcha – Caminhe ou Morra é uma das quatro adaptações de King lançadas em 2025, junto com O Sobrevivente, O Macaco e A Vida de Chuck.
11- King resolveu usar o pseudônimo de Richard Bachman quando construísse projetos mais dramáticos. Outros livros com este nome, são: Rage, A Auto-estrada e Blaze
12- Os soldados no filme usam uniformes verdes e rifles M16 antigos, condizentes com a época original de publicação do livro (1979).
13- No livro são 100 participantes, mas no filme o número foi reduzido para 50 — um de cada estado dos EUA.
14- Em todas as cenas de A Longa Marcha – Caminhe ou Morra, o personagem do Major mantém seus óculos aviadores — seus olhos nunca são revelados.
15- Embora os personagens Garraty e McVries tenham 16 anos no livro, os atores Cooper Hoffman e David Jonsson tinham 22 e 31 anos durante as gravações.
Críticas
Invocação do Mal 4 – O Último Ritual | Resenha | Vale a pena assistir?

Depois de uma terceira parte bastante criticada e esquecível, Invocação do Mal 4 – O Último Ritual chega como uma tentativa clara da Warner Bros. e da equipe criativa por trás do “Invocaverso” de encerrar a saga principal com dignidade. A boa notícia é que consegue ser melhor do que seu antecessor — o que, convenhamos, não é uma tarefa tão difícil assim —, mas ainda fica distante do impacto e originalidade do primeiro Invocação do Mal, de 2013, dirigido por James Wan.
O retorno de Michael Chaves à cadeira de diretor pode causar desconfiança entre os fãs mais exigentes. Afinal, seu histórico na franquia — incluindo A Maldição da Chorona e Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio — está longe de ser irretocável. Mas aqui, com uma história que resgata elementos clássicos de possessão e ambientações familiares para a saga, Chaves, ao menos, se mantem dentro de uma zona de conforto. Sim, O Último Ritual não reinventa nada, mas pelo menos diverte — principalmente para quem busca aquele “terrorzão de shopping center”.
O maior trunfo de Invocação do Mal 4 – O Último Ritual são os protagonistas
O maior trunfo do longa continua sendo a química impecável entre Vera Farmiga e Patrick Wilson. São eles que seguram as rédeas mesmo quando o roteiro derrapa em escolhas preguiçosas ou repetições.
A estratégia de marketing que divulga este como “o último caso dos Warren” ajuda a criar uma expectativa de fechamento épico, mas, sejamos sinceros, essa promessa soa mais como um artifício comercial do que uma decisão definitiva. O estúdio dificilmente deixará uma franquia milionária descansar por muito tempo — um reboot, spin-off ou prequel é quase certo.
Dois arcos que se fecham entre si
Narrativamente, Invocação do Mal 4 – O Último Ritual se divide entre dois arcos principais. O primeiro acompanha uma nova família que começa a vivenciar manifestações demoníacas e eventos inexplicáveis. O segundo segue Ed e Lorraine, já mais envelhecidos e saindo da aposentadoria para tentar desvendar a origem desses distúrbios, enquanto lidam com questões pessoais — incluindo a crescente sensibilidade mediúnica da filha Judy (interpretada por Mia Tomlinson), que agora assume um papel mais ativo na história.
Essa tentativa de trazer um elo emocional mais forte funciona até certo ponto, mas falta fôlego ao roteiro para transformá-la em algo que o espectador se importe.
Novas entidades, mesma fórmula
Um dos principais problemas está nas entidades demoníacas. Não há identidade visual forte, tampouco personalidade marcante – o homem com o machado ou a velha são genéricos e parecem ter saído de qualquer trasheira por aí. Ah… e tem mais: quando voltamos a ver a entidade que possuiu Annabelle assombrando Judy Warren, o sentimento é de cansaço criativo.
Em contrapartida, Lorraine aparece mais fragilizada, Ed precisa lidar com problemas de saúde – que foi visto no filme anterior – e ambos se mostram conscientes de que esse pode ser seu último caso juntos. Tudo isso ajuda na conexão emocional com o público e, portanto, se o roteiro tivesse investido mais nisso, talvez o encerramento da saga principal tivesse ganhado um peso maior.
Mais um adeus que não parece final
A trilha sonora continua fazendo seu trabalho, pontuando os momentos de tensão com ruídos dissonantes e acordes agudos. No entanto, falta aquele momento realmente memorável, aquele susto ou sequência que gruda na mente do espectador por dias.
No fim das contas, Invocação do Mal 4 – O Último Ritual funciona como um fecho digno para uma franquia que começou reinventando o terror mainstream e terminou apenas cumprindo tabela. Ele diverte, tem bons momentos de atuação e entrega um clímax que pode (ou não) satisfazer os fãs.
No trecho final, James Wan, com seu cabelo espetado e cheio de gel, aparece num certo casamento. Aquele look não existiria na década de 1980 e, comparativamente, essa estranheza pode ser um comparativo e tanto para o que era e o que se transformou essa saga.
Onde assistir Invocação do Mal 4 – O Último Ritual
O filme está nos cinemas de todo Brasil.
Sinopse de Invocação do Mal 4 – O Último Ritual
Arne Cheyenne Johnson esfaqueia e mata seu senhorio, alegando estar possuído por um demônio, enquanto Ed e Lorraine Warren investigam o caso e tentam provar sua inocência.
Nota: ★★½
Título Original: The Conjuring: Last Rites
Ano Lançamento: 2025 (Estados Unidos)
Dir: Michael Chaves
Elenco: Patrick Wilson, Vera Farmiga, Mia Tomlinson, Bem Hardy, Steve Coulter, Rebecca Calder, Elliot Cowan, Beau Gadsdon
Curiosidades de Invocação do Mal 4 – O Último Ritual
1- Este é declarado como o último filme da franquia com os personagens Ed e Lorraine Warren.
2- A história da família Smurl esteve, anteriormente, no telefilme A Casa das Almas Perdidas (1991).
3- A atriz Mia Tomlinson substituiu Sterling Jerins como Judy Warren, já que a personagem precisava parecer mais velha. Jerins, com 21 anos, ainda aparentava ser adolescente.
4- O filme arrecadou US$ 194 milhões no fim de semana de estreia, ultrapassando It – A Coisa (2017) como a maior estreia de um filme de terror.
5- O filme mais longo da franquia.
6- Segundo fontes, um exorcista foi designado ao caso Smurl por Joseph Ratzinger, que mais tarde se tornaria o Papa Bento XVI.
7- No quarto de Heather há um pôster da banda Queen. Coincidentemente, o ator Ben Hardy (Tony Spera) interpretou Roger Taylor (baterista da banda) no filme Bohemian Rhapsody (2018).
8- O demônio que assombra os Smurls seria um succubus, criatura folclórica feminina que seduz homens em sonhos.
9- Pela casa dos Warren, aparecem letras que formam a palavra “Valak”.
10- Este é o primeiro filme principal da franquia sem trilha de Joseph Bishara.
Críticas
Invocação do Mal 2 | Resenha | Vale a pena assistir?

Desde que James Wan estreou no cinema com Jogos Mortais (2004), ficou claro que havia ali um diretor com domínio absoluto da linguagem do terror. Houve, portanto, a construção de uma sólida carreira até chegar em Invocação do Mal 2, que é mais uma prova disso.
A sequência continua as aterrorizantes investigações sobrenaturais do casal Ed e Lorraine Warren, novamente interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga. Aqui, o diretor demonstra maturidade não apenas na condução dos sustos e do ambiente, mas também no tom emocional dos personagens. Ao invés de simplesmente repetir a fórmula do primeiro filme, ele investe mais tempo nas nuances da relação entre os Warren, mostrando como esse tipo de “trabalho espiritual” deixa cicatrizes físicas e, principalmente, psicológicas.
O roteiro, assinado por Walter Hamada, Dave Neustadter e pelo próprio Wan, não traz grandes surpresas. A estrutura familiar está lá e os elementos clássicos do gênero — portas batendo sozinhas, reflexos em espelhos, sons sinistros e objetos que se movem sem explicação — estão todos lá. No entanto, não há temor de recorrer a fórmulas conhecidas, trabalhando o timing das cenas com precisão e sabendo exatamente como construir a tensão que precede o susto.
Câmera fluida em Invocação do Mal 2
A câmera passeia com fluidez pelos cômodos da casa — numa espécie de plano-sequência — revelando detalhes como a poltrona velha num canto escuro da sala, a parede descascada ou o porão sombrio. Nada ali está por acaso; cada elemento do cenário pode, e será, utilizado como gatilho para o terror.
Visualmente, o filme é um espetáculo. A direção de fotografia acerta ao acompanhar a evolução do estado emocional da família e dos Warren com uma paleta que vai das cores pastel ao breu absoluto. E se o objetivo do terror é provocar reações de tensão, Invocação do Mal 2 cumpre seu papel com louvor. Há ao menos duas ou três sequências genuinamente assustadoras, daquelas que fazem a espinha gelar — destaque absoluto para a presença demoníaca da freira, figura tão perturbadora quanto icônica, que inclusive acabaria ganhando dois filmes solo – só assisti o primeiro e é péssimo.
Química perfeita de Patrick Wilson e Vera Farmiga
Patrick Wilson e Vera Farmiga conseguem transmitir tanto a força quanto a vulnerabilidade dos Warren. Mas quem realmente rouba a cena é Madison Wolfe, no papel de Janet Hodgson, a jovem garota atormentada pelo espírito. Sua performance é ao mesmo tempo tocante e aterrorizante, e sustenta grande parte da carga emocional da história.
Entretanto, nem tudo são acertos. A diferença de orçamento em relação ao primeiro filme é nítida — e embora isso permita sequências mais ambiciosas visualmente, também traz um problema recorrente em filmes de terror mais recentes: o uso excessivo de computação gráfica. Em pelo menos duas cenas importantes, os efeitos visuais acabam tirando parte da tensão construída, tornando o terror artificial demais. Essa “poluição digital” quebra, ainda que por breves instantes, a imersão que o filme havia estabelecido tão bem até então.
Apesar disso, Invocação do Mal 2 se mantém como uma das melhores continuações do gênero dos últimos tempos. Não apenas respeita o espírito do original, como também o aprofunda. É o tipo de horror que agrada tanto os fãs mais exigentes quanto o público geral. Um marco dentro da franquia que ajudou a revitalizar o gênero nos anos 2010.
Onde assistir Invocação do Mal 2
- Stream: HBO Max
- Aluguel e compra: Google Play Filmes e Apple TV
Sinopse de Invocação do Mal 2:
Ed e Lorraine decidiram ‘tirar férias’ e deixar os exorcismos de lado, mas o demônio insiste em aparecer em suas vidas. Desta vez, sete anos após os acontecimentos anteriores, viajam para a Inglaterra, mais precisamente na cidade de Enfield, a pedido da Igreja Católica, para desvendar algumas manifestações poltergeist ocorridas numa garota. Como já é sabido, o ‘buraco é mais embaixo’ e a parada vai ser mais difícil do que imaginavam.
Nota: ★★★★
Título Original: The Conjuring 2
Ano Lançamento:2016 (Estados Unidos)
Dir: James Wan
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Frances O’Connor, Madison Wolfe, Simon McBurney, Franka Potente
Curiosidades de Invocação do Mal 2
1- Durante a divulgação do filme, em junho de 2016, Vera Farmiga revelou que ainda estava com um linfonodo inchado no pescoço, resultado das cenas intensas de gritos. Em algumas tomadas, ela precisou repetir o grito até 50 vezes seguidas.
2- James Wan rejeitou uma oferta “que mudaria sua vida” para comandar Velozes & Furiosos 8 e escolheu retornar ao terror com Invocação do Mal 2.
3- Por precaução a produção começou com uma bênção no local de filmagens.
4- A verdadeira Janet Hodgson admitiu que cerca de 2% dos eventos paranormais foram falsificados por ela e sua irmã — o que alimenta ainda mais o mistério por trás do caso de Enfield.
5- Frances O’Connor, que interpreta a mãe da família, se recusou a conhecer os membros reais da família com medo de que isso afetasse sua atuação e a conexão emocional com a personagem.
6- Patrick Wilson, que interpreta Ed Warren, canta em uma das cenas — e não é dublagem. Wilson já mostrou talento vocal anteriormente em O Fantasma da Ópera (2004), onde interpretou Raoul.
7- O visual de Lorraine na sessão espírita de Amityville foi baseado em roupas reais usadas pela verdadeira investigadora, inclusive o penteado.
8- Madison Wolfe, que interpreta Janet Hodgson, é de Nova Orleans, EUA. Seu inglês britânico estava tão convincente que Patrick Wilson não a reconheceu quando a reencontrou após outro projeto juntos.
9- Se observar com atenção, o nome do demônio “Valak” pode ser visto escrito discretamente na cozinha dos Warren, aos 33 minutos, e nas prateleiras da sala, aos 43 minutos — um easter egg sinistro.
10- Invocação do Mal 2 quebrou recordes ao conquistar a maior bilheteria de estreia para um filme de terror desde 2013, quando o primeiro Invocação do Mal foi lançado.
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